É comum ouvir dizer que o ano só começa depois do Carnaval. Se for o caso, então 2021 terá dificuldade para começar, uma vez que provavelmente o Carnaval não acontecerá neste ano, por causa da pandemia do novo coronavírus.
No entanto, é verdade que para muitas empresas o ano não começa em janeiro, já que os primeiros meses são reservados para a realização de balanços financeiros e do processo contábil referente ao ano anterior. Isso é necessário para que as empresas possam entregar suas declarações para a Receita Federal e começar o ano com um bom planejamento.
“Uma das primeiras preocupações das empresas neste ano é com a regularização da RAIS, que deve ser feita até o último dia de janeiro na plataforma eSocial”, explica Renato Ramos, da RR Soluções em Finanças e Contabilidade. Segundo ele, é importante que as empresas agilizem o cumprimento dessa obrigação a fim de não correrem o risco de deixar o serviço para a última hora. “Sempre tem o risco de deixar para regularizar as informações de folha de pagamento do ano de 2020 no eSocial. O problema é que deixar para a última hora acaba contribuindo para a vulnerabilidade a imprevistos, como problemas na conexão ou ausência de documentos. Quem deixar passar o prazo ou prestar informações com erros ou omissões pode ter de pagar multa e não haverá recebimento do Abono Salarial pelos trabalhadores”, diz o especialista.
Outra declaração que as empresas precisam preencher neste começo de ano é a DIRF 2021. A Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte é uma obrigação que todas as empresas devem apresentar à Receita Federal. Essa declaração mostra todos os impostos que foram retidos pelas empresas, incluindo os dados de salários dos funcionários e pagamentos recebidos do público consumidor.
“O prazo para entregar a DIRF 2021 é até o dia 26 de fevereiro. Faltam algumas semanas até lá, mas como se trata de uma declaração complexa, o ideal é começar agora mesmo. O programa deste ano já foi disponibilizado pela Receita Federal, inclusive”, lembra Renato Ramos.
No entanto, o especialista em contabilidade explica que não são apenas essas obrigações que devem estar na mente das empresas neste começo de ano. Também é o momento de fechar o balanço das atividades do ano passado, mesmo que esse documento não seja uma obrigação jurídica.
“Fazer o balanço patrimonial ou a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício, não são obrigatórios para muitas empresas, mas são altamente recomendados. Existem muitas vantagens de fazer esses balanços, desde uma melhor organização empresarial até estar elegível para participar de licitações governamentais”, explica Ramos.
De fato, algumas empresas não precisam fazer o balanço patrimonial. Quem é do Simples Nacional e está em dia com seus impostos e demonstrações, está liberado desse processo. No entanto, ao fazê-lo, a empresa ganha um novo relatório importante para o seu planejamento anual, além de poder participar de licitações públicas, que são uma grande fonte de oportunidades de negócios.
Já a DRE é essencial para que o empreendedor possa ter uma visão completa da saúde financeira do seu negócio, saber identificar gargalos de lucratividade e planejar as ações de curto, médio e longo prazo para o negócio. Isso vale, inclusive, para pequenas empresas.
“Cerca de 99% de todas as empresas do Brasil são classificadas como micro ou pequenos negócios. Muitos acreditam que não precisam elaborar esses relatórios, mas estão equivocados, pois precisam, sim. Além disso, existem muitas vantagens em ter esses documentos para poder planejar os prazos das ações da empresa”, explica Ramos.
De fato, é importante que as empresas se municiem de informações para que possam planejar as ações de curto, médio e longo prazo que farão. Quanto mais dados elas tiverem à disposição, especialmente quanto mais detalhados e explicativos eles forem, melhor será a tomada de decisão do administrador ou administradores do negócio. Isso faz com que se torne mais fácil gerenciar a empresa e sobreviver a momentos de crise.
“É claro que todos vivem um momento complicado atualmente. O mercado nacional já é bem competitivo e hostil, com 50% das empresas fechando as portas em menos de 5 anos de atuação. Com a pandemia então, a situação ficou muito mais complicada. No entanto, é possível combater a situação com dados e relatórios que mostrarão a realidade da empresa, bem como o caminho para um crescimento sustentável e planejado”, conclui Ramos.
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