(https://www.camara.leg.br/deputados/220579), cujo nome civil é Silvia Nobre Lopes. O partido da Deputada não me interessa, pois não pretendo falar de política partidária e sim da vergonha nacional. A parlamentar federal nitidamente faz a defesa dos indevidamente denominados indígenas, tudo porque, desculpem todos, Pedro Álvarez Cabral não sabia geografia, quando aqui aportou achou que havia chegado às Índias e batizou aquele povo acolhedor que o recebeu de Índios.
Pois é a parlamentar defende e nos faz ficar envergonhados como tratamos os nossos povos originários que, juntamente com os poderosos europeus e os africanos que ajudaram a forjar a nossa nacionalidade. Até agora somente saíram ganhando os europeus e continuam a ganhar.
Com muito cuidado e ajuda da tecnologia consegui resgatar trechos do pronunciamento que a amapaense fez em uma das comissões do Congresso Nacional que transcrevo aqui.
“Senhor presidente é eu fiz questão de vir aqui é até pra poder colaborar com vocês, eu tenho que apenas para colaborar com o relato do meu parente Góis que nós tentamos intervir, nós tentamos salvar pessoas. Eu direi que desde 1500 para colaborar com o relato é do meu parente Góis que nós tentamos salvar pessoas, eu direi que desde 1500 quando os desbravadores aqui chegaram, eles trouxeram consigo algo que nós não tínhamos ciência e tecnologia. O que trouxe as desbravadoras aqui em 1500 foi a ciência, foi a navegação, foi uma busca e eles traziam consigo uma tecnologia da pólvora, a arma de fogo.
500 anos se passaram nós estamos sem barco e não podemos sequer ter uma arma pra nos defender. Por que essa política de segregação? Um povo que dominava a ciência tecnologia nos tornou escravos, tantos foram aniquilados, tantos morreram, outros se tornaram escravos ou se suicidaram e outros foram isolados. Quem lucra com a segregação? Vejam todos vocês aqui tomam banho de água quente, pedem água gelada e tem a oportunidade de pedir comida pelo iFood. Nós não, porque somos indígenas, então nós fomos condenados a viver em 1500 como pessoas que não dominam a ciência e tecnologia.
Há mais investimentos em organizações não governamentais do que em nós que continuarão ganhando para que para que digam que defendem esses povos. Vocês vivem num século e num período temporal tecnológico diferente, vocês têm internet, vocês tem acesso ao samu, vocês têm acesso à medicina nuclear, vocês têm acesso a cintilografia. Não existe isso dentro da floresta. Se por ventura um filho de senador viesse a se perder no mato vocês chamariam o corpo de bombeiros, chamariam a sociedade, a defesa civil colocaria helicópteros, chamariam as forças armadas porque você vai defender quem você ama e se vocês encontrassem esse filho ferido, machucado, com fome e emagrecido o que vocês fariam? Vocês levariam para os melhores hospitais, vocês dariam a ele o melhor e a melhor escola.
Então por que vocês nos esqueceram lá no passado no meio da floresta? até quando essa política de segregação e até quando vão continuar ganhando dinheiro às custas da pobreza da segregação? Coisas que vocês não enfrentariam sozinhos com certeza, vocês estariam com uma arma de fogo para se proteger. Porque apenas nós é que temos que ficar à nossa própria sorte para enfrentar as intempéries de uma floresta? Porque apenas nós é que temos um representante para falar por nós e só podemos ter aquele que concorda com o sistema? Não nos condenem mais a viver em 1500, nós estamos preservando tudo para que alguém tenha a possibilidade de viver muito bem lá na Europa. Para que alguém tenha condição de viver de uma forma regalada enquanto nós matamos carapanã e ainda nos dizem que apenas esse modo de vida é o único modo de vida, é o único meio que nós temos que preservar, que nós temos que continuar isolados para fazer a cultura viva.
Quem fala isso não tem qualquer compromisso conosco, mas ganha dinheiro para nos subjugar e nos deixar esquecidos em 1500. Domina quem domina, um povo que não domina a ciência é dominado.”
O pronunciamento da amapaense me deixou envergonhado pelo descaso com o qual as ditas ‘políticas públicas’ tratam povos tão brasileiros como qualquer um de nós pelo simples fato de serem chamados de indígenas. Os povos originários foram varridos para baixo do tapete, afinal ‘o que os olhos não veem o coração não sente’.
Tiraram dos povos originários os direitos à cidadania e a capacidade de produzir o seu sustento. Criaram enclaves e os aprisionaram neles. O pronunciamento de Silvia Waiãpi despertou em mim o que, com a idade e os problemas do dia a dia adormeceu. Fui amigo e discípulo do muito querido, saudoso e já esquecido Noel Nutels, criador do SPI – Serviço de Proteção aos Índios e do SNT – Serviço Nacional de Tuberculose que tive a honra de integrar o SUSA – Serviço de Unidades Sanitárias aéreas, que levava as comunidades amazônicas a saúde pulmonar. Por falar nisto foi uma das equipes do SUSA que relatou o novo pico mais alto do Brasil, o Pico da Neblina que superou em altura o Pico da Bandeira.
Hoje o que testemunhamos? ONGs internacionais dominando as políticas indigenistas e fomentando discórdia entre os povos originários e os produtores rurais, além dos garimpeiros. As áreas rurais brasileiras se tornaram uma grande “terra de ninguém” dominadas pelas ONGs internacionais, inimigas da nossa nacionalidade que nós, ingenuamente, sustentamos.
A pergunta que não quer calar, a idade me enseja a possibilidade de não me preocupar em ferir a suscetibilidade das autodenominadas ‘autoridades’, afinal quem ao longo do tempo vem mandando no Brasil e nos brasileiros são os três poderes, as ONGs internacionais ou os europeus?
Caro leitor não vou me alongar mais, apenas quero agradecer à amapaense Silvia Waiãpi por trazer à baila assunto tão importante. Uma advertência aos leitores que viajam, a inimiga do Brasil e do agro WWF costuma a inserir doação nas contas dos hotéis. Os hotéis que me hospedam são recomendados a eliminar da conta tal doação.
“Se os extraterrestres nos visitarem algum dia, acredito que o resultado será parecido a quando Cristóvão Colombo desembarcou na América. Um resultado nada positivo para os nativos” (Stephen Hawking).