Impressionado com tantos ataques suicidas contra o maior e melhor cliente do Agro brasileiro, todos baseados em desinformação ou em “fakes information”, resolvi com este artigo transmitir algumas informações sobre a China. Tentarei delinear um rápido quadro sobre aquele país, naturalmente, não será uma pintura colorida digna de um museu e sim um mero esboço. É bom frisar que o presente artigo não pretende fazer proselitismo da China, até porque proselitismo não faz parte da cultura chinesa, apenas quero passar algumas informações relevantes que possam se contrapor a algumas teorias de conspirações dos inimigos, não da China e sim do Brasil.
Antes de qualquer coisa quero deixar bem claro que a avaliação do país com os olhos da cultura ocidental é um erro de enormes proporções. Outra coisa que gostaria de chamar a atenção de todos é que expansionismo e colonialismo fazem parte da nossa cultura, por favor, não tentemos debitar os pecados e erros do dito “mundo ocidental” a países que não fazem parte desse mundo. A crítica e a tentativa de interferir na cultura alheia é um erro suicida que cria um precedente perigoso abrindo as nossas portas para que outras civilizações tentem influir na nossa. Será que é tão difícil imaginar este cenário? Vou ajudar, Imaginem se resolvermos implantar na Índia a nossa forma de agir na pecuária, o que impede os indianos virem ao Brasil declarar que as nossas vacas são sagradas? Entenderam o enorme risco de tentar influir na cultura alheia?
“O excepcionalismo chinês é cultural. A China não faz proselitismo; ela não alega que suas instituições contemporâneas sejam relevantes fora da China. Mas o país é herdeiro da tradição do Império do Meio, ….”, é o que cita Henry A. Kissinger em sua obra “Sobre a China”, publicada em 2011, fruto de mais de 50 viagens àquele país.
Sendo uma das mais antigas civilizações conhecidas, o Império Chinês já existia antes mesmo da ascensão de Roma no mundo antigo, e perdurou após a queda do Império Romano. Sua cultura influenciou vários países vizinhos como o Japão e a Coréia, sobrevivendo até a atualidade com muitos de seus costumes culturais. O início da civilização chinesa se perde nas areias do tempo. Alguns historiadores chegam a afirmar que a origem da China se deu há mais de 9.000 anos. Puderam acompanhar a ascensão, florescimento e queda dos impérios do nosso planeta durante todos esses milênios.
Outros historiadores, também, admitem que nas margens, tornadas férteis pelas enchentes, do rio Huang-Ho (rio Amarelo) é que ocorreu o desenvolvimento da civilização chinesa à semelhança do “fértil crescente”, região entre os rios Tigre e Eufrates também chamada de Mesopotâmia, que deu origem às civilizações do ocidente e onde teria se originado a agricultura. O povo chinês é basicamente agrícola como o nosso.
A China foi unificada no ano 260 a.C. pelo primeiro imperador que se tem notícia, Qin Shi Huang, que comandou a dinastia Qin também chamada de “Chin” e que provavelmente deu origem ao nome do país. O país é uno há mais de 2.000 anos.
A China teve a sua cultura invadida pelo ocidente com a implantação do comunismo e o socialismo, porém, tais ideologias não sobreviveram após matar milhões e estão desaparecendo rapidamente em razão da filosofia Confucionista. O Confucionismo, sem dúvidas, tem sido uma das maiores forças influenciadoras dentro da civilização chinesa há milênios. As ideias propagadas pelo seu fundador, Confúcio, transformaram hábitos culturais e seus valores éticos, com especial ênfase na importância da educação. Essa postura comportamental é apontada por alguns estudiosos como um dos fatores para o crescimento econômico dos países do Leste Asiático.
“Os principais ideais do Confucionismo partem da noção de humanidade. Todos os seres humanos são vistos como bondosos e todas as posições políticas e sociais devem estar de acordo com esse temperamento humano. Os representantes políticos são os “pais do povo” e devem obedecer a autoridade de quem concedeu. Nela, se acredita que todos nós humanos somos naturalmente bons, sendo a educação o fator primordial que irá determinar a condição humana. Portanto, enquanto doutrina, o Confucionismo concilia a natureza humana com teorias políticas e sociais, o que o torna uma doutrina prescritiva do bem viver.”
Durante os milênios de sua existência a civilização chinesa tem contribuído decisivamente com a nossa através de invenções que usamos no dia a dia: papel, pólvora, bússola, imprensa, sericultura, sinos, pipa, fogos de artifício, dominó, jogos de carta, tinta, ábaco, papel moeda, macarrão, cardápio, seda, produção de chá, semeador, porcelana, fundição de ferro e aço, carrinho de mão, sismógrafo, sorvete, escova de dentes e o garfo, entre muitas outras.
Pois é, esse país com toda a sua civilização e cultura tão longevas, riquíssimo como consequência do trabalho de seu povo, decidiu ser o maior parceiro comercial do Agro brasileiro sem as restrições ambientais europeias. Naturalmente há interesses, países não tem amigos e sim interesses comuns. Não esqueçam que nos enganamos achando que os países da União Europeia eram amigos e sentimos na pele o desrespeito deles que nos olham com o olhar superior dos colonizadores.
Fico aqui imaginando se a China, com a civilização de quase 10.000 anos, tivesse a cultura ocidental de expansionismo e colonialismo como seria o mundo hoje.
Conheço a China e posso declarar que não é um país comunista hoje. Nas vezes que lá estive pude perceber o respeito que os chineses tem por nós, não estou sozinho nesta avaliação, os demais brasileiros que conhecem aquele país sentiram o mesmo, inclusive, o próprio Presidente e a nossa Ministra da Agricultura creio que tiveram a mesma percepção quando lá estiveram. Existem ainda comunistas na China? Claro que sim, assim como no Brasil, porém, a meu ver foi uma ideologia derrotada pelo Confucionismo e em futuro próximo será apenas uma referência histórica. Entendam que o Confucionismo não é uma ideologia ou religião, é uma filosofia de vida.
Todos têm o direito de temer o desconhecido, isto é muito normal. O que não temos é o direito de prejudicar a economia e o Agro do Brasil por covardia diante do desconhecido. Caso os brasileiros tivessem sido covardes, no passado, diante dos desafios desconhecidos que enfrentaram na conquista de nosso imenso território, o Brasil no qual vivemos não existiria.