Sentia-me deveras orgulhoso, constatando que próximo a quinhentos milhares de homens carentes com suas famílias trabalhavam e bem conseguiam fazê-lo, com relativa segurança, em função dos esforços, não só políticos, mas contestatórios e reivindicativos que eu aprontava. E eu era realmente bom no que fazia.
Bem por isso, cheguei a membro do federal Conselho Superior de Minas, em Brasília, ocupando tal cargo por muitos anos. Toda a legislação do subsolo nacional e suas modificações passavam por nós. Muitas modernidades lhe foram acrescentadas pelas melhores inspirações que tive. Algumas das boas foram elaboradas, com extremo cuidado, em benefício da “oficialíssima” Companhia Vale do Rio Doce, que na malandragem deixou de sê-lo, indo enriquecer um bando de empresários sedentos.
Pelas bandas do Banco Central do Brasil, lá estava eu, acompanhando a cúpula da carteira de câmbio e comércio internacional de ouro, dando meus palpites. Sem ser um mero “aspone”, era considerado excelente “consigliere”.
Esse tempo “oficial” passou…
Ainda hoje vou muito à Amazônia. Tenho e conservo naquele lugar muitos dos meus interesses e sonhos, o que me mantém vivo, bem acordado e com vida eletrizante. Talvez, só pela daqui, nem tesão teria mais, mas considerando a de lá, nem conto…
Curioso nisso tudo é que sempre em minhas voltas àquelas paragens, sinto sinceramente que sou tratado e recebido com a mesma deferência e devido respeito. Nada mudou. Até adversários e inimigos, que são poucos, amealhados nos anos que por lá passei, me devotam atenção. Impressionante!!
Mas, sempre um, mas, com passar dos anos e na tranquila paz imposta pelo amadurecimento, tenho encontrado bastante tempo para refletir e notar, com firmeza, que jamais fui o imprescindível e importante do lugar. Mais que isso, e com presença maior, eram as relações, amigos e pessoas que me cercavam naquela imensidão do País. Eram eles os grandes, temidos e respeitados, cabendo a mim apenas representá-los e receber diretamente o reflexo de suas influências e proteção. Tudo sempre fora bem mais que um só homem. Exemplo de gente e terra, onde se vale pelo que se é, não pelo que se tem, principalmente quando buscam e privilegiam qualidades em lideranças, com descarte das vaidades pessoais.
Realmente alcei voos altos nas jornadas que empreendi. Nada melhor que outros, mas sempre o melhor que pude. Ganhei força e inteligência com o que fiz e construí. Mas, descobri a tempo que o principal alicerce para tudo isso era a gente e outras boas lideranças em meu derredor.
Minha própria família cultiva e cuida do que é, nem tanto por importância, mas sim pelas relações e amizades que granjeou com segura lealdade. Bem ao contrário de personalidades e alguns políticos, que só conseguem e se sentem grandes se quem lhes acercar for tornado extremamente pequeno e até humilhado. Suas amizades, companheiros e parceiros mudam a todo instante. Quando no poder, o regem como surdos inatingíveis, se permitindo inclusive o dom da mentira. No andar das campanhas, não conseguem jamais se sentir bem ao lado de notáveis. Escolhidos, ao amealharem auxiliares, nunca o fazem por aptidão técnica, competência ou profissionalismo. Eles sabem que tais qualidades nesses homens os tornam péssimos companheiros para políticos incapazes e demagogos, que acreditam somente poder aparecer se junto à exposta mediocridade alheia, facilitando-lhes nas comparações, preservando-se assim e buscando evitar emergir melhores qualificações. Por isso, nunca deixam de incentivar o lado maldoso da cultura brasileira, quiçá de nossa gente, que pouco aplaude o sucesso alheio e por vezes ao contrário procura apenas o lado negativo.
Prejuízo maior é que, ao encobrir e faltar à premissa de atributo na busca de gente com capacidade para cuidar do bem público, nosso povo e o Brasil ficam carentes na solução de seus problemas, mesmo que ainda fosse possível, ofuscados hoje, se buscados, voltarem a brilhar.
Porém, mesmo ignorados, consolados ficamos, afinal, o mais brilhante astro do céu é um planeta de luz refletida, Vênus, também conhecido como Estrela-D’alva.
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