De mais a mais, o ego pode, em muitos casos, atuar como um filtro que distorce a autenticidade do ser, porque busca proteger a imagem social, para que não haja desagrado ou crítica de uns com os outros.
Sabendo disso, o ser aprende a suprimir desejos genuínos e a conformar-se às normas e expectativas sociais, mesmo que isso vá contra sua verdadeira natureza.
Ser ou não ser? Eis a questão: quem floresce e sabe que floresceu? Intuição e força de vida são os dois únicos pilares gratuitos ao que não se conhece.
O pobre mortal nasce tomando porrada no lombo, morre tomando terra na cara e, entre esses eventos, além de honrar com compromissos, tem o dever de se autoconhecer e, principalmente, de agradar aos outros.
O conformado morreu coitado, dizia o ditado. Conformar-se, em nada se aproxima de se autoaceitar. Na verdade, conhecer e abraçar as próprias imperfeições e singularidades é ser inteiro e real.
Quem ousa ser inteiro e real, quando os julgamentos severos estão internalizados e tagarelando na mente o dia todo, todo dia? Só gente muito corajosa.
Desagradar aos outros, mesmo que eles estejam a milhares de quilômetros ou nem habitem a Terra mais é façanha para poucos. Poucos desenvolveram algo chamado resiliência emocional.
Fluir através de reações negativas e conflitos, reconhecendo-se como o principal apoio é o único trajeto que leva à autenticidade e permite superar as barreiras impostas pelo ego.
E ainda que seja um processo de autoconhecimento, autocompaixão e coragem, para agir de acordo com a verdadeira identidade, a maior e melhor recompensa é ser fiel a si mesmo e aos próprios valores, doa a quem doer.
Seria fácil, se não fosse difícil. Desagradar aos outros é o maior dos desafios do homem, no convívio social, uma vez que implica outros dois princípios: ser amado e pertencer.
Separar o joio do trigo nunca foi tarefa tranquila, posto que a natureza humana é altamente influenciada pelo ambiente social, desde a tenra idade. Valores moldam, normas moldam, expectativas sociais moldam, para que, ao fim, venham as recompensas de ouro: pertencimento e aceitação social.
Toda essa pressão cria conflitos internos, levando o ser a abdicar de desejos e autenticidades, em prol da conformidade.
O senso de identidade é a lanterna dos afogados, a autenticidade pessoal, mas isso requer uma jornada de autoaceitação e autoestima, que o homem comum nem ousa, melhor se socorrer aos vícios ou a algo que preencha esse vazio, nem que seja aos finais de semana.
Definir e ter uma compreensão clara das necessidades e dos valores e objetivos é uma aposta alta que nem todos têm. Aí ” a gente se ajeita do jeito que dá”.
A escola ensina, a igreja doutrina, a família endossa. Para pagar essa conta, a resiliência emocional precisa ser capaz de lidar com reações negativas ou críticas dos outros, o que requer uma base sólida de autoconfiança e a habilidade de não se deixar abalar facilmente por julgamentos alheios – nos níveis consciente e inconsciente.
De verdade, esse, talvez, seja o grande mal da humanidade: desconhecer a verdade. A autenticidade afasta muita gente, todavia leva a relacionamentos mais genuínos e satisfatórios com alguns poucos que compartilham os mesmos valores.
Vale a pena crer para ver a “ansiedade do superego”, ser desafiada, dando o indivíduo audacioso e fiel a si de ombros ao medo de rejeição social ou da perda de afeto ou da ameaça de punição. Grande garoto!
E, por favor, que seja respeitado todo o ordenamento jurídico e que a ética permaneça, mas que nunca isso possa ser desculpa e originar comportamentos conformistas, sacrificados e insalubres. Amém!