Suntuosidade não resplandece em assuntos sobre política nacional. Quem se importa, nos dias atuais, ou é extremista nazifascista verde-amarelo ou portador do progressivo amor neutro – aquele sem linhas moral e ética mais definidas. Daí, a finalidade de tantas discussões e paralizações, no Brasil.
Esses patriotas destruidores da democracia questionam o seguinte: que o passado vem sendo extinto e recontado ou lecionado da forma mais congruente a fins desejosos e escusos; que a verdade é sobre quem tem o domínio do veículo de comunicação em massa; que os direitos individuais e coletivos se aperfeiçoam em peças decorativas e avulsas, cuja utilidade é enfeitar discursos de grandes autoridades.
O grande problema é, dizem os desordeiros compatriotas, que a identidade de uma nação se esvai com todas essas manobras: cada registro, cada item, cada símbolo, todos sendo alterados, trocados, “modernizados”. Comentam que a língua, viva e neutra, pode servir como exemplo, mas não basta, porque o arrasamento dos museus, da bandeira e dos valores também justificam sua luta. Todavia, o partido que apregoa o amor sempre está certo: o presente é o que importa, vez que ele é infinito… E, assim, esse processo é perpetuado, dia a dia, minuto a minuto, pela liderança do amor.
Quem se atreve questionar alguém cujo passado, muitas vezes, comprovadamente criminoso, não existe ou, pior, é irrelevante, diante da grandeza de espírito do seu líder partidário? Assim, todo o histórico daquele indivíduo resume no que a mídia evidencia, agora, como verdade. A única prova real provém dos proclames de ministros iluminados. Dúvida sobre ela tem sido identificada como foco de resistência, “brotando de grupos de pessoas se unindo, crescendo aos poucos e deixando alguns registros” aos olhos do mundo.
O partido do amor [salve] contém interesse genuíno em livres-arbítrios da cintura para baixo: gêneros e liberdade sexual a menores (impúberes, inclusive). Também demonstra exclusivo afeto a autônomos ou grupos paramilitares que subtraem bens e patrimônio de outrem sem a devida obediência à lei civil, cuja sequela recai em colo da lei criminal. São afinidades do partido do bem.
E, parafraseando G. Orwell, o que dizer de princípios do líder do partido sobre o duplopensar, a mutabilidade do passado, a negação da realidade objetiva e o uso de novidioma? Meras trivialidades. Qual o motivo de se preocupar, quando o que interessa é saber quando aplaudir e quando vaiar?
Por isso, inortodoxo é não aderir ao amor. O amor que tudo vê, que não inveja, nem se vangloria, que não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor, que não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade, contanto que seja do partido e pelo partido do tal amor. Os tolos, por sua vez, são arrastados ao ódio do frenesi de patriotismo…quanta loucura!
Um movimento político independente, avesso e não favorável a conversas com o partido, precisa ser exterminado. O partido sabe o melhor para o povo e para luta popular e progressista! Rebelar contra ele só por meio da ousadia imaginativa, desobediências secretas ou atos isolados que devem ser punidos, como exemplo ao que não seguir, enquanto cidadão. Enfim, comentários casuais e opiniões opostas ao partido destroem a democracia, bem principiológico maior de um Estado livre.
Em defesa dela, o partido age, com amor e resiliência, limpando e regulando a comunicação que incita debates, críticas, insatisfações ou afirmações contrarias a decisões judiciais. São pessoas que merecem ser caladas pelo partido, por tribunais afins (que lembram os de exceção), para zelar de quem ousou compreender fato ou ato de forma oposta à do partido.
Quem se importa? O capricho vem daqueles que sentem o abismo se abrindo sob seus pés, ao pensar em mentiras se tornando verdades. Numa ou noutra evidência, os fascistas canarinhos clamam por justiça e liberdades individuais e suplicam por eleições auditáveis. Contestam, ainda, decisões judiciais e modulações de controle dos tribunais superiores, que desafiam qualquer jurisconsulto tradicional.
A charada fica mais amplificada, quando essa gente arruaceira usa a bandeira do país, para a erguer em ato de orgulho e fé… A simbologia autoritária do patriotismo aniquila a multiplicidade de identidades que um só ser “humane” pode ter, ao longo do dia e da vida, “obrigando-e” a se amoldar a valores austeros, como Deus, Pátria, Família! O processo de desconstrução do ódio é perpétuo, dia a dia, minuto a minuto, porque o amor venceu. É o que importa. Fim.
O partido do amor venceu
