Jamais tive algum problema quanto ao respeito entre nós, exceto uma única vez e o caso descreverei a seguir.
Era um homem, professor de filosofia, dogmático, na casa dos 35 anos, com trejeitos femininos, maquiagem discreta e veste unissex. Estava ali para fazer exames de coração.
Já no transcurso do exame de imagem, ao se dar conta de que na identificação de seu exame no monitor de TV, estava o seu nome de batismo, invocou uma lei qualquer que lhe assegurava o uso de seu “nome de guerra” no documento; “SHEILA” era como gostaria de ser chamada! Em verdade, era oficioso.
Com a minha recusa em mudar o seu nome de batismo p o de guerra, alegando razões legais, “engrossou” e passou a querer me dar lição de moral. Pronto, não prestou!
Quanto mais ele insistia, mais irredutível eu ficava até que firme, pedi para ele parar de ser inconveniente, pois “eu tinha idade de ser seu pai”. Iria cancelar o exame. Assustado, ele se calou por um breve instante.
No final das contas, sem saída, contrariado, aceitou, sem antes, continuar reclamando. Teminado o exame, “por gentileza, a sua carteira de identidade”, eu lhe pedi curioso.
Nela estava inscrito:
“PAULO ROBERTO”. Pois é, só me faltava essa; nome do “infeliz” era o mesmo que o meu!
Aí, mais relaxado, tirando onda, “SHEILA” disse soberanamente: “tá vendo?” E gargalhando falou:
“doutor, o senhor é meu XA-RAÁ!”