Botox. Quando se fala, ou lê essa palavra, muitas pessoas automaticamente associam ao uso “cosmético”, voltado para um realce das questões estéticas – algo usado para se livrar de rugas indesejadas ou conseguir uma boca mais volumosa. No entanto, a Toxina Botulínica (conhecida popularmente como botox) foi desenvolvida primeiramente para auxiliar nas questões terapêuticas e no melhoramento de algumas doenças patológicas.
As pesquisas com a toxina se iniciaram entre as décadas de 50 e 60, quando o oftalmologista americano Alan B. Scott buscava tratamentos alternativos para o estrabismo e percebeu uma melhora no arqueamento do supercílio. Sua esposa era dermatologista e acabaram utilizando dessa toxina também para fins estéticos, já que observou-se uma caracterização mais harmônica e jovial da face, o que acabou estimulando o uso da toxina para essas finalidades.
Aqui no Brasil, o botox é usado para fins terapêuticos desde 1992, muito antes do uso estético, que começou somente nos anos 2000. As primeiras indicações eram para o estrabismo e o blefaroespasmo (ato de piscar os olhos de maneira descontrolada e excessiva), mas hoje ele já pode ser usado para tratar doenças tão diversas como bexiga hiperativa, cefaleia tensional, enxaqueca, paralisias, AVC, espasmos musculares e hiperidrose (suor excessivo).
A toxina botulínica é uma proteína produzida pela bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo, que age inibindo a liberação de acetilcolina, neurotransmissor que atua na contração muscular, causando efeito paralisante e o enfraquecimento temporário da atividade muscular, reduzindo o tônus (contração) muscular, sem que haja outros efeitos colaterais. Com o passar do tempo, há um restabelecimento da transmissão neuromuscular e retorno gradual à função muscular completa.
Na odontologia, o emprego da toxina pode ser realizado tanto na área estética quanto na área terapêutica. A toxina botulínica pode ser utilizada em casos de sorriso gengival (exposição excessiva da gengiva durante o sorriso) ou assimetria do sorriso; hábitos como bruxismo (ranger os dentes), briquismo (apertamento dos dentes), ambos com prejuízos dentários, musculares e ósseos, causando, ainda, a cefaleia secundária (dores de cabeça que podem manifestar-se na região lateral da cabeça, testa e estender-se até a nuca); hipertrofia do músculo masseter causando assimetrias faciais; disfunções da articulação temporomandibular, que pode apresentar dor e desconforto durante a mastigação; redução de forças musculares após reabilitação com implantes dentários; e sialorreia (salivação excessiva).
A toxina botulínica trouxe inúmeros benefícios para os pacientes odontológicos, sendo uma alternativa de tratamento pouco invasiva e com efeitos duradouros, além de complementar a harmonização facial com outros tratamentos estético-funcionais.
Portanto, a relação entre os dentistas e o botox é uma constante, formando profissionais cada vez mais capacitados para administrarem a substância.
Dr. Rivaldo Bueno
Convidada Dra. Carolina Simões