A Inanição tem sentido de oco, vazio, fútil e inútil e significativa parcela da humanidade parece caminhar assim, inane, à margem de tudo.
Entorpecida, segue sob os ecos da flauta mágica, reproduzindo o que “ouviu dizer” e tão distante dos benefícios da modernidade, que até parece viver num tipo de exílio.
Tanto se falou em castas em sociedade e, hoje, a humanidade parece renovar a sua capacidade de se fatiar, mutilar e encastelar, erigindo novos andares sociais, menos por históricas raízes culturais e antropológicas e mais por razões econômicas e financeiras.
Enquanto isso, migrações em massa ocorrem, pelo aumento dos abismos sociais no mundo. Avançamos um passo, dando rasteiras em tantos… Se antes se dizia que “as aparências enganam”, hoje se deveria dizer que “nunca as aparências enganaram, tanto”.
É verdadeira tragédia perceber que ética e moral e atributos como verdade, mentira, bom, mau, trabalho, honestidade e compaixão derretem, nestes tempos modernos, onde impera o cada um por si e o agora.
A insegurança conceitual é patente e, como rastilho de pólvora, discretamente vai erodindo edifícios fundamentais da nossa sociedade.
Não perdemos a nossa percepção, mas não temos mais o vigor da indignação.
Estamos acomodados e, assim, deixamos de nos esforçar para combater a primeira barata que invade a nossa casa, para depois, quando a infestação de insetos for uma realidade, torcer por eficácia da dedetização, enquanto nos escondemos sob cobertores.
Isso é faceta do resultado de anos de desconstrução da nossa identidade, da nossa segurança como indivíduos e da força da opinião de cada um. Com isso, suavizam-se as cores e tudo adquire tom pastel, mais fácil de agradar a todos.
Somos menos atraídos por comer o feijão com arroz de cada dia, lavar a louça, estacionar o carro, estudar e estudar e estudar e estudar, trabalhar e trabalhar e trabalhar e trabalhar e realizar atividades afins.
O deslumbramento e o entretenimento saíram do encantado mundo dos mágicos e ilusionistas e migrou, para estar ao alcance de quem domine o uso dos botões mágicos, que são capazes de criar, transformar, alterar e manipular o que quer que seja.
Embora o Código Penal cuide do crime de falsidade ideológica, no seu artigo 299, para os casos em que há omissão ou inserção de informação que deveria constar para, dentre outros propósitos, “alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, os perfis falsos e as manipuladas notícias parece que vieram para ficar – aqui e no Mundo.
A aparência domina, a futilidade entorpece o mundo real, as cores e iluminadas fotografias derrubam a realidade do suor causado pelo trabalho e estudo, enquanto os sorrisos das poses contrastam e negam e rasgam indesejáveis outros sentimentos, exatamente os que nos fazem humanos, como a tristeza, a frustração, a raiva, a alegria, a felicidade, a saudade, etc.
Até parece que viramos personagens dos anúncios dos anos 1950 a 1970, nos quais as figuras humanas estavam impecavelmente vestidas e reluzentes eram os carros e utensílios anunciados. Os desenhos, fotografias e cenários da época não deixam dúvidas: se vende aquela imagem de felicidade aparente.
Sem perceber, estamos hipnotizados, repetitivos, doentes e desanimados.
Temos sido levados a beco sem saída e nos sentimos esgotados por tanta necessidade de exibição, como se os sentimentos de plenitude, prazer, alegria e felicidade tivessem cedido à de convencimento dos demais de estamos assim – para o nosso próprio reconhecimento!
Viramos escravos do espelhamento que fazemos aos demais e estamos dependentes dessa doentia relação que nos faz sentir vivos, quando outros nos reconhecem assim!
Nesse mundo, a aparência parece vencer a essência, a embalagem o conteúdo, a ilusão a realidade. O fato de alguém ter alguns milhares de seguidores parece até que passou a ser mais relevante do que títulos científicos e cursos de pós-graduação e qualificação. O número de curtidas sucede ao de seguidores de teses e pensamentos ou de boas práticas. Ser assunto por um dia domina a ação de muitos.
Nesse contexto, os pensamentos, ideias, ideologias e propostas críticas vão sucumbindo às menores construções argumentativas e ao “tipo assim”, o sim e o não, sem fundamento ou preocupação com a motivação, numa não catarse que engessa o que de melhor tem a humanidade.
Dos que se posicionam como sendo democratas, de Direita, Esquerda ou Centro, quantos leram as obras de Adam Smith ou Karl Marx? Quantos falam em igualdade sem ter absorvido as remotas causas da Revolução Francesa? Quantos defendem a Democracia e a República, sem compreender as suas origens e motivações?
Estamos repetindo frases, sem alcançar os seus significados, satisfeitos por dizer “quem tem boca vai à Roma” sem imaginar que, originalmente, significava “quem tem boca “vaia” Roma”.
A propósito, iríamos à Roma, então como símbolo do Poder, se fosse para vaiar, protestar, questionar?
Quantas “Romas” há no mundo? Quantos símbolos falidos do Poder? Quantos falidos no Poder? Quantas estruturas caiadas por fora e podres por dentro? É por egoísmo, medo ou desinteresse que cuidamos do nosso mínimo existencial e menos do coletivo?
Como meros repetidores, sem análise crítica, deixamos de votar pensando no país e mais por interesses pessoais, imediatos. Negamos o óbvio, desde que a nossa fatia de querer esteja projetada.
Deixamos de compreender que o voto é secreto, para externá-lo dizendo “votei por isso ou aquilo”, sem perceber que não temos de justificar o que nos é dado – como direito e proteção – fazer em segredo.
Quando descuidamos de purificar as nossas almas, os nossos pensamentos, os nossos modos de ver o mundo, mantendo-nos presos à coletivização das nossas melhores potencialidades, na medida em que produzimos superficialidades, futilidades e vazios existenciais, enterrando ideologias, criatividade, pensamentos, sonhos e propostas de melhorias, próprias e do mundo?
No ponto onde todos os caminhos se cruzam, não sabemos escolher o rumo. A encruzilhada já se mostra com grande congestionamento, em todas as direções. Nesse engarrafamento, somos gente perdida, parada e passiva, à espera do milagre e das ações dos salvadores da pátria. Assim, a cada dia e cada vez mais, a inanição vencerá as ideologias e as ideias. Na consolidação desse quadro dantesco, o que será de nós?
Entorpecida, segue sob os ecos da flauta mágica, reproduzindo o que “ouviu dizer” e tão distante dos benefícios da modernidade, que até parece viver num tipo de exílio.
Tanto se falou em castas em sociedade e, hoje, a humanidade parece renovar a sua capacidade de se fatiar, mutilar e encastelar, erigindo novos andares sociais, menos por históricas raízes culturais e antropológicas e mais por razões econômicas e financeiras.
Enquanto isso, migrações em massa ocorrem, pelo aumento dos abismos sociais no mundo. Avançamos um passo, dando rasteiras em tantos… Se antes se dizia que “as aparências enganam”, hoje se deveria dizer que “nunca as aparências enganaram, tanto”.
É verdadeira tragédia perceber que ética e moral e atributos como verdade, mentira, bom, mau, trabalho, honestidade e compaixão derretem, nestes tempos modernos, onde impera o cada um por si e o agora.
A insegurança conceitual é patente e, como rastilho de pólvora, discretamente vai erodindo edifícios fundamentais da nossa sociedade.
Não perdemos a nossa percepção, mas não temos mais o vigor da indignação.
Estamos acomodados e, assim, deixamos de nos esforçar para combater a primeira barata que invade a nossa casa, para depois, quando a infestação de insetos for uma realidade, torcer por eficácia da dedetização, enquanto nos escondemos sob cobertores.
Isso é faceta do resultado de anos de desconstrução da nossa identidade, da nossa segurança como indivíduos e da força da opinião de cada um. Com isso, suavizam-se as cores e tudo adquire tom pastel, mais fácil de agradar a todos.
Somos menos atraídos por comer o feijão com arroz de cada dia, lavar a louça, estacionar o carro, estudar e estudar e estudar e estudar, trabalhar e trabalhar e trabalhar e trabalhar e realizar atividades afins.
O deslumbramento e o entretenimento saíram do encantado mundo dos mágicos e ilusionistas e migrou, para estar ao alcance de quem domine o uso dos botões mágicos, que são capazes de criar, transformar, alterar e manipular o que quer que seja.
Embora o Código Penal cuide do crime de falsidade ideológica, no seu artigo 299, para os casos em que há omissão ou inserção de informação que deveria constar para, dentre outros propósitos, “alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante”, os perfis falsos e as manipuladas notícias parece que vieram para ficar – aqui e no Mundo.
A aparência domina, a futilidade entorpece o mundo real, as cores e iluminadas fotografias derrubam a realidade do suor causado pelo trabalho e estudo, enquanto os sorrisos das poses contrastam e negam e rasgam indesejáveis outros sentimentos, exatamente os que nos fazem humanos, como a tristeza, a frustração, a raiva, a alegria, a felicidade, a saudade, etc.
Até parece que viramos personagens dos anúncios dos anos 1950 a 1970, nos quais as figuras humanas estavam impecavelmente vestidas e reluzentes eram os carros e utensílios anunciados. Os desenhos, fotografias e cenários da época não deixam dúvidas: se vende aquela imagem de felicidade aparente.
Sem perceber, estamos hipnotizados, repetitivos, doentes e desanimados.
Temos sido levados a beco sem saída e nos sentimos esgotados por tanta necessidade de exibição, como se os sentimentos de plenitude, prazer, alegria e felicidade tivessem cedido à de convencimento dos demais de estamos assim – para o nosso próprio reconhecimento!
Viramos escravos do espelhamento que fazemos aos demais e estamos dependentes dessa doentia relação que nos faz sentir vivos, quando outros nos reconhecem assim!
Nesse mundo, a aparência parece vencer a essência, a embalagem o conteúdo, a ilusão a realidade. O fato de alguém ter alguns milhares de seguidores parece até que passou a ser mais relevante do que títulos científicos e cursos de pós-graduação e qualificação. O número de curtidas sucede ao de seguidores de teses e pensamentos ou de boas práticas. Ser assunto por um dia domina a ação de muitos.
Nesse contexto, os pensamentos, ideias, ideologias e propostas críticas vão sucumbindo às menores construções argumentativas e ao “tipo assim”, o sim e o não, sem fundamento ou preocupação com a motivação, numa não catarse que engessa o que de melhor tem a humanidade.
Dos que se posicionam como sendo democratas, de Direita, Esquerda ou Centro, quantos leram as obras de Adam Smith ou Karl Marx? Quantos falam em igualdade sem ter absorvido as remotas causas da Revolução Francesa? Quantos defendem a Democracia e a República, sem compreender as suas origens e motivações?
Estamos repetindo frases, sem alcançar os seus significados, satisfeitos por dizer “quem tem boca vai à Roma” sem imaginar que, originalmente, significava “quem tem boca “vaia” Roma”.
A propósito, iríamos à Roma, então como símbolo do Poder, se fosse para vaiar, protestar, questionar?
Quantas “Romas” há no mundo? Quantos símbolos falidos do Poder? Quantos falidos no Poder? Quantas estruturas caiadas por fora e podres por dentro? É por egoísmo, medo ou desinteresse que cuidamos do nosso mínimo existencial e menos do coletivo?
Como meros repetidores, sem análise crítica, deixamos de votar pensando no país e mais por interesses pessoais, imediatos. Negamos o óbvio, desde que a nossa fatia de querer esteja projetada.
Deixamos de compreender que o voto é secreto, para externá-lo dizendo “votei por isso ou aquilo”, sem perceber que não temos de justificar o que nos é dado – como direito e proteção – fazer em segredo.
Quando descuidamos de purificar as nossas almas, os nossos pensamentos, os nossos modos de ver o mundo, mantendo-nos presos à coletivização das nossas melhores potencialidades, na medida em que produzimos superficialidades, futilidades e vazios existenciais, enterrando ideologias, criatividade, pensamentos, sonhos e propostas de melhorias, próprias e do mundo?
No ponto onde todos os caminhos se cruzam, não sabemos escolher o rumo. A encruzilhada já se mostra com grande congestionamento, em todas as direções. Nesse engarrafamento, somos gente perdida, parada e passiva, à espera do milagre e das ações dos salvadores da pátria. Assim, a cada dia e cada vez mais, a inanição vencerá as ideologias e as ideias. Na consolidação desse quadro dantesco, o que será de nós?