Mundo cristão assiste sem reação os ataques ao cristianismo.
Este é um momento excelente, afinal a comunidade cristã vive a época do Advento período de preparação para o Natal, que começa quatro domingos antes da data e marca o início do Ano Litúrgico católico, para abordar os ataques aos cristãos e ao cristianismo ao redor do planeta. Os relatos dos ataques são divulgados pelas mídias nacionais, internacionais e pelos aplicativos da internet, porém além de tomar conhecimento, se horrorizar e reclamar a comunidade cristã mundial nada faz em defesa de seus irmãos.
Há que se perguntar – onde anda aquela religião que dominou a mor parte dos países do planeta que não toma qualquer atitude? Os cristãos estão em todas organizações do chamado mundo ocidental, por que não reagem? As organizações internacionais e nacionais compostas em grande parte por cristãos e que possuem grande poder ficam estáticas, se calam e não tomam qualquer providência, principalmente, quando o mundo cristão viverá no próximo dia 25 mais um Natal. Vão se limitar a armar suas árvores, decorar suas casas, reunir suas famílias e festejar?
Para que o leitor tenha uma pequena ideia do que está acontecendo na Síria transcrevo a matéria publicada, em 08/12/2024, pelo site AMERICAN THINKER “Arcebispo da Síria alerta que cristianismo será dizimado em Aleppo”, assinada por Monica Showalter.
“Agora que o ditador brutal da Síria, Bashar al-Assad, está fora do poder, morto em um acidente de avião ou vivo em Moscou, há muitos motivos para se preocupar com o que restará da antiga comunidade cristã da Síria, que está diminuindo, à medida que os seguidores do ISIS e da Al-Qaeda assumem o poder. O arcebispo de Homs acredita que o próprio cristianismo em Aleppo será dizimado e já vê os sinais disso. O arcebispo católico sírio Jacques Mourad, da Diocese de Homs, na Síria, lamentou o imenso sofrimento dos refugiados que fogem da violência em curso em Aleppo e da iminente destruição do cristianismo na região.
Em entrevista à Agência Fides, o meio de comunicação da Pontifícia Obra Missionária, o Arcebispo Mourad descreveu a terrível situação. ‘Estamos realmente cansados’, ele disse. ‘Estamos realmente exaustos, e também estamos acabados, em todos os sentidos.’ O Arcebispo Mourad, membro da comunidade monástica de Deir Mar Musa, nasceu em Aleppo. Ele guarda memórias queridas da cidade. Como filho espiritual do Padre Paolo Dall’Oglio, o fundador jesuíta de Deir Mar Musa que desapareceu em 2013 em Raqqa controlada pelo ISIS, o Arcebispo suportou pessoalmente os horrores do conflito. Ele foi sequestrado em 2015 por forças jihadistas e mantido em cativeiro por meses, primeiro em isolamento e depois ao lado de outros 150 cristãos em territórios controlados pelo ISIS.
Agora, enquanto refugiados de Aleppo chegam a Homs, o Arcebispo Mourad e sua diocese estão sobrecarregados. O Arcebispo disse à Agência Fides que muitos refugiados suportaram jornadas exaustivas de 25 horas, chegando com sede, fome, frio e destituídos. ‘Não podemos suportar todo o sofrimento das pessoas que chegam aqui exaustas’, disse ele. As igrejas estão fazendo o que podem para ajudar os refugiados cristãos em fuga com comida e abrigo. Mas o arcebispo faz a pergunta óbvia:
‘Por que Aleppo está sendo tão atormentada? Por que eles querem destruir esta cidade histórica, simbólica e importante para o mundo inteiro?’, questionou o Arcebispo Mourad. Após 14 anos de guerra, ele lamentou o sofrimento contínuo, a miséria e a morte que o povo sírio tem suportado. ‘Por que estamos tão abandonados neste mundo, nesta injustiça insuportável?’, perguntou ele. É terrivelmente triste, porque todos nós sabemos o que aconteceu com os cristãos caldeus no Iraque: eles desapareceram. Aleppo pode ter o mesmo destino terrível.
Era uma vez, Aleppo, uma grande cidade, uma cidade associada a São Paulo e suas viagens, e ele provavelmente a conhecia bem. Ainda há evidências de Aleppo em todo o mundo ocidental. Já foi um grande centro têxtil, cujos resquícios ainda existem, com padrões de tecidos distintos associados à cidade, lindos padrões tecidos por seus artesãos. É o lar do poderoso pinheiro de Aleppo, um pinheiro tão resistente que pode crescer em qualquer condição desértica, sem muita água — com lindas agulhas fofas.
É o lar da pimenta de Aleppo, que qualquer pessoa familiarizada com a culinária do Mediterrâneo oriental, ou a dieta mediterrânea, vai conhecer — brilhante, saborosa, vermelha e usada em todos os tipos de culinária grega, italiana, turca, sérvia, libanesa, egípcia, israelense e síria. Eu cultivo minhas próprias pimentas de Aleppo, e elas são minhas favoritas. Li que a pimenta está ficando difícil de ser encontrada na Síria, devido aos últimos 15 anos de guerra civil, o que me torna um conservacionista da pimenta de Aleppo.
Tantos tesouros prestes a serem perdidos, mas o mais triste é a perda da comunidade cristã. Quinze anos atrás, os cristãos representavam 12% da população de Aleppo. Hoje, são menos de 2%. E esses 2% estão prestes a se juntar às vastas ondas de refugiados, genuínos, fugindo para a segurança no Ocidente, onde, como refugiados de verdade, eles deveriam ser colocados na frente da fila para entrada. Mas em um Ocidente cansado da rede de tráfico de pessoas do cartel lucrando e de ditadores variados lucrando com surtos de migrantes, bem como guerras sem fim, é improvável que eles sejam calorosamente recebidos como deveriam ser.
Esses cristãos de Aleppo devem ser protegidos e cuidados até que possam voltar em segurança. Nós, por nossa vez, deveríamos ser capazes de ver o berço do cristianismo se quisermos ir para lá. Mas esse não é o mundo em que vivemos agora, e somos mais pobres por isso.”
Atentem, por favor, a matéria reflete apenas o que está ocorrendo em um país, todavia tais ataques se multiplicam em vários outros. Sem falar de outros tipos de violências menos sangrentas representadas por perseguições de ideologias e outras religiões aos cristãos em todo o mundo, impedindo-os de realizar os seus cultos, isolando-os e promovendo verdadeiras lavagens cerebrais às crianças com ensinamentos anti cristãos e que contrariam frontalmente os ensinamentos bíblicos.
Será que reviveremos o passado não tão distante onde as guerras, em grande parte, eram realizadas por motivos religiosos? A grande diferença é que no passado a maioria das guerras eram promovidas por cristãos contra as demais religiões e que eram feitas em nome do Deus cristão. Em ambos momentos o que ocorre e ocorria é errado, contrariando o conceito cristão do livre arbítrio e o livre pensar. Não é preciso voltar ao passado e ir muito longe para testemunhar as perseguições contra o livre pensar.
Nunca é bom esquecer o que escreveu Martin Niemöller, durante o domínio nazista na Alemanha:
“Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar”.