A chuva vem leve, macia, levemente despeja baldes de vida,
da imensidão azul jorram bençãos neste dia de excelências – o da poesia
21 de março de todos os sentidos, sentimentos e sustenidos…
Sons até então indizíveis, caracteres subentendidos
a florir quebrando as crostas de geleiras.
Redemoinhos de águas encrespando os córregos, rios e mar,
indo solenes, ou talvez insolentes, ao encontro do amor abraçar.
É a poesia a pulverizar palavras destravando entraves,
soltando travas, saltando barrancos e invadindo conclaves.
Poeta, poetisa, escreventes das imagens de chamas ardentes,
incendiários de breviários e diários abarcantes ou excludentes,
tecelões de narrativas de afetos e do repouso dos chinelos.
Narrativas enlaçadas em anelos de jardins repletos de rosas e jasmins,
gravadas nos selos seculares das confissões capsulares,
viajando a redimensionar o espaço em redondilhas maior e menor
até que se rompam as barreiras e extravase pérolas de ignotas paragens.
Poetar para sorver da brisa a ventania e dos desertos o frescor dos oásis;
auscultar do silêncio a sinfonia; mergulhar no escuro e descobrir o brilho.
Poetar para abrir caminhos e acordar para os sonhos em infinitos trilhos.