Por trás do discurso aparentemente nobre da preservação da Amazônia, esconde-se uma política ambientalista que, há décadas, sacrifica o desenvolvimento socioeconômico da região em nome de uma retórica global que jamais se preocupou verdadeiramente com o destino do povo amazônida. A proposta do deputado Ivan Valente (PSOL-SP), que pretende vedar por completo a exploração de petróleo na região amazônica, é o exemplo mais recente de uma patifaria ideológica que, travestida de preocupação ambiental, opera como uma verdadeira conspiração contra o homem da floresta, fazendo o asqueroso papel de laranja dos exploradores. Para o sociólogo paraense Lúcio Flávio Pinto, esse tipo de proposta desconsidera completamente a realidade concreta do morador da floresta, que vive sob um dos piores índices de desenvolvimento humano do país.
A sádica proposta ignora a profunda desigualdade social vivida por milhões de brasileiros que habitam a Amazônia Legal. No Amapá, por exemplo, onde se concentra a expectativa em torno da Margem Equatorial, boa parte da população ainda depende de programas de transferência de renda para sobreviver. O senador Randolfe Rodrigues foi assertivo ao rebater o projeto, lembrando que ele fere princípios constitucionais e acordos internacionais nos quais o Brasil se compromete a explorar seus recursos naturais de forma soberana e responsável. “Ninguém está propondo devastar a floresta, mas sim conciliar desenvolvimento com sustentabilidade. O povo do Norte não pode ser condenado à pobreza para agradar ONGs europeias e governos que já destruíram seus próprios biomas”, afirmou o parlamentar.
A ideia de que a Amazônia deve ser um “santuário intocado” desumaniza quem ali vive. O ambientalismo de boutique, encastelado nos centros urbanos do Sul-Sudeste e nas capitais estrangeiras, impede a geração de empregos, o avanço da infraestrutura e a valorização dos talentos e saberes locais. Pesquisadores e economistas como Giliad Silva já apontaram que a exploração segura e tecnicamente qualificada do petróleo na Foz do Amazonas pode movimentar trilhões de reais e transformar economicamente toda a região Norte, fomentando cadeias produtivas locais e reduzindo a histórica dependência do Estado e do assistencialismo.
Não é difícil concluir que há, sim, interesses geopolíticos por trás dessa cruzada contra o desenvolvimento amazônico. O petróleo da Margem Equatorial ameaça gigantes produtores e afeta rotas comerciais estratégicas. Ao tentar proibir a exploração antes mesmo de qualquer estudo conclusivo sobre impacto ambiental, Ivan Valente não está defendendo a natureza – está apenas ecoando, talvez sem perceber, uma lógica de dependência e subordinação colonial. E nesse gesto, tão lírico quanto perverso, perpetua-se um velho alheamento: o do homem da floresta, que segue invisível aos olhos que só enxergam árvores e não veem gente. Esse homem, que não vive em selva mítica, mas em bairros de palafita, que sonha com dignidade, que precisa de renda, de esperança e de chão firme para pisar, continua a ser ignorado pela elite global que o reduz a figurante exótico de uma narrativa estrangeira. A Amazônia precisa de proteção, sim – mas precisa, sobretudo, que seu povo seja visto, ouvido e incluído no destino que lhe pertence por direito. Por favor, nos erre!
Amazônia, refém da retórica ambientalista e o homem invisível da floresta
