No cristianismo, a Páscoa é a comemoração que celebra a ressurreição de Jesus que ocorreu três dias após sua crucificação. A celebração marca também o encerramento da Semana Santa, última semana da quaresma. Um domingo de alegria, de confraternização, de trocas de chocolates por meio de ovos de páscoa, bombons, etc.
Um dia em que as famílias se reúnem para o tão esperado almoço de Páscoa.
Mas nem tudo são flores no jardim da Páscoa, encontramos também alguns espinhos, algumas tristezas. Nada como um dia após o outro para que possamos saber o que o futuro nos reserva.
Ah! Que dia triste está sendo esta segunda-feira. Não é por conta de ser este dia o último do feriadão, mas sim pela triste notícia da morte do Papa Francisco. Notícia esta que me deixou muito pensativo, onde eu refletia sobre olhares diferentes em relação ao falecimento do pontífice.
Passei um bom tempo pensando em tudo que eu ouvira e via sobre este ser tão singular e portador de uma fé imensa, pois ninguém viveria da forma que ele viveu sem que acreditasse naquilo que lhe foi ensinado ou vivido por ele.
Porém, por ser um líder religioso tão conhecido e de uma igreja que nem todos comungam de sua doutrina, há aqueles que dele e da forma como ele vê o mundo e as pessoas desse mundo, divergem.
Divergem de uma forma muito radical, ignorante e cega, beirando o absurdo, pois levam a vida do papado à visões políticas, pois chegaram a chamar o Papa de comunista e que morrer foi uma bênção de Deus àqueles que professam fé diferente da fé de Francisco, como se a morte fosse a mão de Deus sobre o Papa pecador que defende a vida, a paz, as mulheres, os indígenas, os negros, assim como também a natureza. Sabemos que a intolerância religiosa é uma realidade no mundo onde a religião virou comércio nas mãos dos malfeitores da fé, cuja mensagem vai direto para o bolso e não para o coração. Porém, quando se vê um católico chamar o Papa de comunista e esquerdista, o susto é maior.
Fico imaginando esses fanáticos andando com Jesus Cristo, eles presenciando a mulher adúltera clamar por perdão e Cristo a pegar pelas mãos dizendo vá e não peque mais, teus pecados estão perdoados, ou, então, eles observando o Cristo na cruz olhando para o ladrão e latrocida e dizendo para ele: “ainda hoje estarás comigo no paraíso”, e não “bandido bom é bandido morto”, ou ele ensinando aos seus apóstolos a cumprir a lei dos homens: “dê a César o que é de César” ou talvez eles quisessem ouvir: “vamos sonegar imposto, esse governo esquerdista não cabe a nós. Vamos sonegar imposto, vamos comprar tudo em dinheiro vivo para não deixar pistas para investigação”, ou eles corroborando com Cristo a dar um golpe no governo romano. Talvez eles não aceitassem a Cristo porque ele defendia a vida, ele defendia a igualdade entre os seus e ouviriam de Cristo: a minoria tem que se curvar a maioria!
Meu coração encheu-se de tristeza quando ouvi de uma deputada norte-americana, que a mão da Justiça de Deus caiu sobre o Papa Francisco e que o mal foi vencido.
Talvez esse povo que comemorou o falecimento do Papa, iria reunir um bando de vândalos para fazer quebra-quebra no sinédrio ou pegar no chicote para açoitar o comunista Jesus Cristo.
Mas entendo que isso é apenas uma questão de ouvir e ver.
De acordo com Braulino Magno: “Visão e audição são dois sentidos poderosíssimos talvez os mais fortes dos seres humanos, no entanto, também podem levar a fraquezas gigantescas quantas camadas de divisões e sentidos (significados) podem existir numa imagem milhares, principalmente porque olhar depende sempre do lugar de onde se olha quantos sonhos modulações da fala e da audição podem formar um significado ou vários?”
É lógico que esse pensamento não fica só no âmbito literário quando se lê um poema, um conto, uma crônica ou um romance, esses dois sentidos são extremamente importantes quando se trata de visão de mundo, de olhar o outro, de olhar para tudo que está ao seu redor, assim como ver também.
É natural quando se ouve ou vê alguém de uma outra doutrina criticar a doutrina alheia ou criticar a vida que uma outra pessoa leva ou da forma que pensa e vê o mundo, essa não é uma visão própria dessa pessoa, mas sim de uma outra pessoa que impôs esta visão a ele, pela sua própria ignorância e falta de conhecimento e isso leva a este fanatismo que é a cegueira brutal do indivíduo.
Qualquer ser humano de bom senso concordaria que ele nos ensinou a viver os valores das Escrituras com fidelidade, coragem e amor universal, especialmente em favor dos mais pobres e marginalizados.
Francisco foi um papa moderno, próximo de causas sociais e sem medo de tocar em temas polêmicos para a tradição e os costumes católicos. Ele enviava a sua mensagem direto para o coração. Desta forma, não é difícil de saber o que o Papa Francisco diria a Deus em prol de todos esses lobos inquisidores vestidos em pele de cordeiros.
“Pai, perdoe-os, eles não sabem o que fazem.”
Jorge A. M. Maia