“Vagina de Ozempic” pode até soar como mais uma expressão inventada na internet, mas o fenômeno é real e tem se tornado cada vez mais comum nos consultórios ginecológicos. A expressão surgiu nas redes sociais para descrever mudanças na região íntima feminina após o uso de medicamentos para emagrecimento, como Ozempic, Mounjaro e Wegovy.
Segundo a cirurgiã ginecológica Izadora Rabelo, especialista em estética íntima, a perda de peso rápida provocada por esses remédios leva à redução da gordura subcutânea em todo o corpo — inclusive nos grandes lábios e no monte de vênus. “O que antes era um enchimento natural acaba desaparecendo, e isso pode resultar em flacidez, perda de sustentação e mudanças no contorno da vulva“, explica.
Mas os impactos não são apenas estéticos. Muitas mulheres relatam desconforto ao caminhar, correr, andar de bicicleta ou mesmo durante relações sexuais, por conta do atrito e da sensação de “vazio” na região. “A autoestima também costuma ser afetada. Algumas pacientes sentem vergonha ao usar roupas mais justas ou se olhar no espelho”, completa a médica.
Segundo a médica, do ponto de vista fisiológico, não há comprovação de que esses medicamentos causem alterações hormonais diretas na lubrificação vaginal. “O que se sabemos é que, ao promoverem um emagrecimento acelerado por meio da redução do apetite e do retardo do esvaziamento gástrico, eles acabam gerando a perda de gordura corporal generalizada — o que inclui a região íntima”, afirma.
E o que fazer ao perceber essas mudanças?
A recomendação da especialista é clara: “O momento de procurar ajuda é quando a mulher se sentir incomodada. Saúde íntima é parte do bem-estar geral, e cuidar dessa região também é cuidar da autoestima”, afirma Izadora.
De acordo com a médica, há tratamentos seguros e eficazes, desde procedimentos não cirúrgicos — como preenchimento com ácido hialurônico e bioestimuladores de colágeno — até opções mais avançadas, como cirurgias íntimas associadas à radiofrequência para melhorar a firmeza e o volume.
O mais importante, segundo a médica, é lembrar que a mulher não está sozinha e que há caminhos para se reconectar com o próprio corpo, inclusive nessa região tão delicada.
Fonte: Metrópoles