Apesar das fortes sanções econômicas que afetam os dois países, a Rússia tem planos de ajudar a Venezuela a se armar. A expectativa, segundo o Kremlin, é de que o país governado por Nicolás Maduro tenha capacidade de produzir fuzis de assalto Kalashnikovs, de origem russa, no território venezuelano.
O desejo surge após o governo da Rússia, por meio da empresa estatal Rostec, finalizar a construção de uma fábrica de munições na Venezuela. A estimativa do governo russo é de que até 70 milhões de cartuchos de munições calibre 7,62 mm, as mesmas utilizadas nos fuzis AK, sejam produzidas por ano no local.
Relação Putin x Maduro
- Vladimir Putin e Nicolás Maduro mantêm bons laços e, recentemente, assinaram um novo acordo de cooperação entre Rússia e Venezuela.
- Os termos do novo pacto entre Moscou e Caracas ainda não são públicos, mas temas como comércio, ciência, tecnologia e política foram discutidos.
- Putin é um defensor da entrada da Venezuela nos Brics. O passo, que aproximaria o país do bloco de economias emergentes, foi vetado pelo Brasil durante a última cúpula da aliança.
Em um comunicado, a Rosoboronexport, empresa de exportação e importação que faz parte do conglomerado Rostec, disse que a iniciativa é fruto de “cooperação mutuamente benéfica” entre Rússia e Venezuela.
“Como resultado de uma cooperação bem-sucedida e mutuamente benéfica, a Venezuela não apenas aprimorou o equipamento técnico de suas Forças Armadas, como também aumentou significativamente o nível de seu treinamento de combate. Isso permite ao país garantir de forma confiável sua própria capacidade de defesa e combater com sucesso o narcotráfico e o crime organizado”, disse trecho do comunicado da fábrica de munições na Venezuela.
Cooperação histórica
A parceria militar entre Rússia e Venezuela começou ainda na década de 1990 e cresceu após a Revolução Bolivariana, que colocou o ex-presidente Hugo Chávez no poder.
Em visita a Moscou, em 2001, Chávez se encontrou com Putin, e assinou um primeiro acordo que abriu as portas para um maior intercâmbio armamentista entre os dois países.
De lá para cá, a Rússia e empresas estatais do país se tornaram as principais fornecedoras de armas para a Venezuela. Dados do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI) indicam que, entre 2000 e 2025, Moscou transferiu sistemas de defesa aéreo, aeronaves, veículos e artilharia para Caracas.
A parceria robusta entre os dois países aumentou em junho deste ano, quando Nicolás Maduro visitou a Rússia para as comemorações do 80º aniversário do Dia da Vitória. O contestado líder venezuelano aproveitou a estadia em Moscou para uma reunião bilateral com Putin, quando um novo acordo de cooperação estratégica foi assinado.
O pacto, que se soma a mais de 260, surge no momento em que os dois países são alvos de forte pressão internacional — a Rússia por conta da guerra com a Ucrânia, e a Venezuela pelas denúncias de desrespeito a democracia e dos direitos humanos. Juntas, as duas nações somam mais de 19 mil sanções econômicas, segundo dados atualizados da plataforma Trademo.
Fonte: Metrópoles