Assim como um jogo de futebol, cada dia é um dia. Há dias em que ESTAMOS tristes, há dias em que ESTAMOS sorrindo. Há jogos que nosso time ganha, há jogos que nosso time perde ou até mesmo empata, mas como somos torcedores egoístas, sempre queremos que nosso time ganhe, e se isso não acontece, ficamos tristes, desanimados e o momento nos coloca em uma penumbra.
Certo dia, eu ouvi alguém dizer:
- Eu SOU uma pessoa muito feliz.
Mas no outro dia, ela estava chorando, então eu perguntei: - Por que você está chorando? Você não disse, ontem, que ERA feliz?
-Quem É, É e não muda. SOMOS seres humanos e por isso, nós passamos por vários estados, estado de tristeza, estado de alegria, estado de melancolia, estado de felicidade etc.
Alguém diz: - O meu time de futebol É melhor do que o seu.
- Engraçado você dizer isso, pois o meu time foi o campeão, e o seu não. Sendo assim, quem foi o melhor?
Certa vez, um amigo me perguntou qual era a diferença entre SER feliz e ESTAR feliz, entre SER triste ou ESTAR triste? Bem, então respondi para ele que a diferença estava na aplicação do verbo SER, que nesse caso, não estava correto, e que melhor seria aplicar o verbo ESTAR, pois o verbo “SER” geralmente indica características permanentes ou essenciais, enquanto “ESTAR” refere-se a estados temporários ou condições passageiras. Podemos usar essa distinção para discutir temas como identidade, mudança e a natureza da existência humana, refletindo sobre o que é fundamental e o que é circunstancial.
Aprendi que: Na maioria dos idiomas, os verbos ‘SER’ e ‘ESTAR’ não se diferenciam. Em inglês, ‘I am’ tanto significa ‘eu SOU’, quanto ‘eu ESTOU’. Isso é quase uma regra genérica, e a língua portuguesa, felizmente, é uma das exceções. Porque ambos os verbos não poderiam ser mais distintos. ‘SER’ não tem nada a ver com ‘ESTAR’, apesar da confusão em relação aos dois conceitos.
Uma das grandes causas de frustração e decepção nas pessoas é a transformação do ‘ESTAR’ em ‘SER’. Que Loucura! Explico já esta confusão: o sujeito se ilude com o que ‘ESTÁ’ pensando que ‘É’. Acho que piorou, não é? Tentarei novamente: O ‘ESTAR’ é transitório, o ‘SER’ é definitivo.
Acho que o problema é da língua portuguesa. Tentarei ser mais esclarecedor. Pergunte a alguém o que ele(a) faz, e ouvirá como resposta o que ele(a) ESTÁ, com o verbo ‘SER’ surrupiado para expressar equivocadamente o que a pessoa não é.
Acho que eu te deixei confuso. Mas calma, você ESTÁ confuso, mas logo não estarás. Estás vendo só? É algo transitório, ou para SER mais rebuscado: Efêmero.
Ouvi duas pessoas conversando.
- O que você faz?
– SOU diretor da Empresa Tech World.
Preste atenção que a maioria das pessoas responde assim, o que é um erro ‘filosófico-gramatical duplo’. Porque o sujeito não é diretor da Empresa ‘Tech World’, ele ‘ESTÁ’ diretor. Amanhã, a empresa pode quebrar ou SER adquirida, aí ele pode SER demitido ou promovido a presidente. Em quaisquer dessas situações, o ‘ESTAR’ diretor não valerá mais. É transitório. Responder com o nome de um cargo a uma pergunta cujo verbo denota uma ação (‘fazer’) também não é correto. É claro que uma resposta desse tipo já se tornou padrão, mesmo para aqueles que não caíram na armadilha do “verbo ESTAR”, mas é importante compreender as diferenças.
O ‘ESTAR’ é um hipnotizador de almas. O sujeito se ilude com o seu estado transitório, ganha virtudes por conta disso, é paparicado, se engrandece, e por fim se convence de que aquela situação é perene. Muitas vezes esquece de quem realmente ‘É’. Em algum momento, no curto ou no longo prazo, será confrontado com a situação em que o efêmero é inútil.
Poder, orgulho, riqueza, tristeza, e até felicidade se conjugam com o verbo ‘ESTAR’. Para quem pensa que a riqueza é permanente, no limite basta ir ao cemitério e fazer uma pesquisa com quem já partiu…
Educação, respeito, solidariedade, humildade, entre outros, se conjugam com o verbo ‘SER’. Quem é educado ou solidário, não deixa de sê-lo por conta de circunstâncias adversas.
Muitas vezes, quando o destino despe as pessoas de suas características temporárias, elas podem se frustrar. Antigos bajuladores agora lhes dão as costas, pois elas deixam de ‘ser’ o que ‘estavam’. Ao mesmo tempo, essa transformação pode decepcionar outros tantos, pois quando se veem diante do que as pessoas realmente ‘são’, passam a compreender o poder hipnótico do ‘verbo estar’.
Enfim, apesar da mistura de ideias trazida, intencionalmente, no texto, o fato é que onde ‘ESTAMOS’ pode ser importante hoje, mas é passageiro. Devemos investir no que ‘SOMOS’, pois isso carregamos para sempre, e É o que realmente importa. SER ou ESTAR, eis a questão.
Jorge A. M. Maia