O dólar voltou a operar perto da estabilidade nesta terça-feira (22/7), dia no qual o mercado financeiro monitora falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, em busca de “pistas” sobre o futuro da política monetária nos Estados Unidos.
No cenário doméstico, o principal destaque do dia é a divulgação do relatório de avaliação de receitas e despesas primárias referente ao terceiro bimestre deste ano, com dados sobre o desempenho fiscal do governo.
No ambiente corporativo, os investidores aguardam a divulgação dos dados operacionais da Vale relativos ao segundo trimestre, que serão conhecidos após o fechamento do mercado. Já o balanço financeiro da companhia será divulgado no dia 31, também no pós-mercado.
Dólar
- Às 12h27, o dólar subia 0,01%, a R$ 5,565, praticamente estável.
- Mais cedo, às 10h59, a moeda norte-americana avançava 0,26% e era negociada a R$ 5,578.
- Na cotação máxima do dia até aqui, o dólar bateu R$ 5,591. A mínima é de R$ 5,561.
- Na véspera, o dólar fechou em queda de 0,41%, cotado a R$ 5,564.
- Com o resultado, a moeda dos EUA acumula ganhos de 2,41% no mês e perdas de 9,96% no ano frente real.
Ibovespa
- O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores do Brasil (B3), operava em alta no pregão.
- Às 12h38, o Ibovespa avançava 0,66%, aos 135 mil pontos.
- No dia anterior, o indicador terminou o pregão em alta de 0,59%, aos 134,1 mil pontos.
- Com o resultado, a Bolsa brasileira acumula queda de 3,38% em julho e valorização de 11,54% em 2025.
Declarações do presidente do Fed
As atenções do mercado financeiro nesta terça-feira estão voltadas para declarações de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o Banco Central dos EUA), incluindo o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell.
O chefe do Fed participou de um evento público pela manhã, mas não deu eventuais sinalizações a respeito da trajetória da taxa de juros nos EUA.
Em sua última reunião, nos dias 17 e 18 de junho, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Federal Reserve anunciou a manutenção dos juros básicos no intervalo de 4,25% a 4,5% ao ano. A próxima reunião do Fed para definir a taxa de juros acontece na semana que vem, dias 29 e 30 de julho.
Desde o início de seu mandato, em janeiro deste ano, o presidente dos EUA, Donald Trump, já fez uma série de críticas a Powell e cobrou publicamente a redução dos juros da economia dos EUA, o que ainda não ocorreu desde que o republicano tomou posse.
A elevação da taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação. Segundo dados divulgados na terça-feira pelo Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, é um dos nomes sobre a mesa de Trump para a sucessão de Powell no Fed. Foi o próprio Trump quem mencionou Bessent como um dos cotados para o cargo, na semana passada, em rápida conversa com jornalistas.
“Ele [Bessent] é uma opção. É um nome muito bom. Gosto muito do trabalho que está fazendo”, afirmou Trump aos repórteres, ao ser questionado sobre a possível indicação do secretário do Tesouro para o comando do Fed.
Bessent reforçou as críticas de Trump a Powell e disse que a Casa Branca já iniciou um “processo formal” para encontrar o sucessor de Powell à frente da autoridade monetária.
Além de Scott Bessent, segundo a imprensa especializada dos EUA, entre os favoritos para suceder Jerome Powell na presidência do Fed estão o ex-diretor Kevin Warsh; o chefe do Conselho Econômico Nacional, Kevin Hasset; e o atual diretor do Fed Christopher Waller.
A diretoria do Federal Reserve é composta por sete integrantes que cumprem mandatos de 4 a 14 anos – todos são indicados pela Presidência dos EUA. A indicação para o cargo de presidente do Fed é definida pela Casa Branca e confirmada por uma votação no Senado norte-americano a cada 4 anos.
Em 2022, Jerome Powell foi indicado pelo então presidente dos EUA, Joe Biden, para um segundo mandato à frente do Fed. O mandato de Powell à frente do BC norte-americano termina em maio de 2026.
Relatório fiscal
Nesta terça-feira, outro destaque da agenda econômica é a divulgação dos dados do Relatório Bimestral de Avaliação de Receitas e Despesas Primárias do governo federal. A expectativa do mercado é a de que o seja mantido o congelamento de R$ 31 bilhões em despesas anunciado em maio.
Na ocasião, o governo fez a primeira contenção no Orçamento em 2025, como parte dos esforços para cumprir a meta de gastos do arcabouço fiscal — como é chamada a nova forma de controle de gastos públicos brasileiros. Foram congelados R$ 31,3 bilhões, sendo R$ 10,6 bilhões em bloqueio e R$ 20,7 bilhões em contingenciamento.
Tarifaço de Trump
Os investidores também continuam acompanhando os desdobramentos da nova rodada do tarifaço comercial imposto pelo governo Trump sobre diversos países, entre os quais o Brasil – o maior alvo norte-americano, com taxas de 50% sobre todas as suas exportações para o país.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nessa segunda-feira (21/7) que o governo brasileiro não vai sair “da mesa de negociação” com os EUA para tentar reverter a imposição das tarifas.
“O Brasil não vai sair da mesa de negociação. A determinação do presidente Lula é que nós continuemos engajados permanentemente. Mandamos uma segunda carta na semana passada, em acréscimo à de maio. Vamos insistir na negociação comercial para que possamos encontrar um caminho de aproximação entre os dois países”, disse Haddad, em entrevista à Rádio CBN.
“Estamos nos preparando para vários cenários. Houve muitas idas e vindas nas decisões tomadas pelo governo dos EUA, sobretudo em relação à própria burocracia interna. A pedido do presidente Lula, estamos desenhando cenários possíveis”, prosseguiu o ministro da Fazenda, sem detalhar quais seriam as medidas estudadas.
Na entrevista, Haddad disse que o governo brasileiro já vem preparando um “plano de contingência” que pode ser implementado após 1º de agosto, dependendo do desfecho das negociações comerciais com os EUA.
“Podemos chegar ao dia 1º sem resposta? Este é um cenário que nós não podemos desconsiderar neste momento. Mas ele não é o único cenário que está sendo considerado por nós”, afirmou.
Juros na Europa
Outro destaque da agenda econômica nesta semana é a reunião de política monetária do Banco Central Europeu (BCE), que decidirá a nova taxa de juros. O encontro está previsto para quinta-feira (24/7).
Atualmente, a taxa de juros no bloco é de 2%, após um corte de 0,25 ponto percentual na reunião do BCE em junho.
Além disso, os investidores seguem atentos a um possível acordo comercial entre União Europeia (UE) e EUA sobre as tarifas. Há duas semanas, Donald Trump anunciou a imposição de tarifas de 30% sobre exportações da UE a partir de 1º de agosto.
De acordo com o chefe de Comércio da União Europeia, Maros Sefcovic, principal negociador do bloco com os EUA, o tarifaço de Trump “praticamente proibiria” os negócios entre os dois blocos.
Sefcovic disse que uma tarifa de 30% ou mais teria impacto enorme, tornando “quase impossível continuar” o atual comércio transatlântico, que vale 4,4 bilhões de euros por dia.
Nos últimos dias, segundo o próprio Trump, as negociações entre representantes comerciais norte-americanos e europeus têm avançado. Na segunda-feira, a maioria dos principais índices das bolsas de valores da Europa fecharam em alta.
Fonte: Metrópoles