O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu nesta sexta-feira (1º/8) à divulgação dos dados oficiais de emprego no país referentes ao mês de julho, que vieram abaixo das estimativas do mercado, e voltou a criticar o chefe do Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano), Jerome Powell.
Os EUA registraram a criação de 73 mil vagas de emprego fora do setor agrícola em julho – bem abaixo das projeções do mercado, que indicavam a criação de 106 mil vagas. A taxa de desemprego foi de 4,2%.
Em junho, o “payroll” havia mostrado a abertura de 147 mil vagas no país e uma taxa de desemprego de 4,1%.
Entenda
O “payroll” é um indicador econômico mensal dos EUA que indica a evolução do emprego no país fora do setor agrícola. O relatório, divulgado pelo Bureau of Labor Statistics (BLS), é considerado determinante para as avaliações sobre o desempenho da economia norte-americana.
A força do mercado de trabalho nos EUA é um dos componentes considerados pelo Fed para definir a taxa de juros e esfriar a demanda na economia a fim de combater a inflação. Analistas temem que uma possível aceleração do mercado de trabalho nos EUA leve a um novo aperto da política monetária pelo Fed.
Nesse sentido, a criação de vagas acima das expectativas pode ser interpretada como uma notícia negativa. O “payroll” fraco, por sua vez, pode ser algo positivo sob o ponto de vista do mercado.
Atualmente, a taxa de juros nos EUA está no intervalo entre 4,25% e 4,5% ao ano – o percentual foi mantido inalterado na última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) do Fed, nesta semana. A taxa de juros é o principal instrumento dos bancos centrais para controlar a inflação.
Segundo dados do Departamento do Trabalho, a inflação nos EUA ficou em 2,7% em junho, na base anual, ante 2,4% registrados em maio. Na comparação mensal, o índice foi de 0,3%, ante 0,1% em maio.
A meta de inflação nos EUA é de 2% ao ano. Embora não esteja nesse patamar, o índice vem se mantendo abaixo de 3% desde julho de 2024.
“Tarde demais, tarde demais. Jerome ‘Atrasado Demais’ Powell é um desastre. Reduza as taxas de juros!”, escreveu Trump em sua própria rede social, a Truth Social, em mensagem publicada nesta sexta-feira.
“A boa notícia é que as tarifas estão trazendo bilhões de dólares para os EUA!”, completou Trump, referindo-se ao tarifaço comercial imposto por seu governo a diversos países, entre os quais o Brasil.
Diretor do Fed defende corte de juros
O diretor do Fed Christopher Waller, um dos indicados por Donald Trump para a autoridade monetária, reiterou sua posição favorável à queda da taxa de juros nos EUA.
Na última reunião do Fomc, ele foi um dos dois diretores que votaram por uma redução de 0,25 ponto percentual dos juros, ao lado da vice-presidente de Supervisão, Michelle Bowman. Tanto Bowman quanto Waller foram indicados ao comitê por Trump, o maior crítico da política monetária conduzida por Powell à frente do Fed.
Em texto divulgado após votar na reunião do Fomc, na quarta-feira, Waller afirmou que “esperar demais” para cortar os juros “pode atrasar indevidamente uma resposta apropriada” do Fed em caso de deterioração do mercado de trabalho.
“Respeito plenamente os colegas do Fomc que defendem uma abordagem de ‘esperar para ver’ quanto aos efeitos das tarifas sobre a inflação. Não há nada de errado em haver visões distintas sobre como interpretar os dados e usar argumentos econômicos diferentes para prever o impacto das tarifas sobre a economia”, anotou Waller. Segundo o dirigente do Fed, “essas diferenças são sinal de um debate saudável e robusto sobre política monetária”.
“Podemos cortar agora e avaliar como os dados se comportam. Se houver surpresas inflacionárias, podemos pausar. Mas não vejo razão para manter os juros no patamar atual e correr o risco de uma virada repentina no mercado de trabalho”, completou.
Fonte: Metrópoles