Fazia eu travessias por poemas nestes dias.
Deparei-me anteontem com versos,
não estonteantes;
mas, de instigantes imagens,
do poeta carioca de nascimento e de vida
Armando de Freitas Filho:
“Não transponho Camões, mas me empenho.
Não atravesso seu mar manuscrito”.
“Não transponho” e “não atravesso”,
sim, são expressões honestas,
ditas com apreço em aliterações, assonâncias e rimas.
Revelam o que acontece nas brechas e esquinas
dos traçados paisagísticos de escritores e poetas.
O texto é seu espaço sagrado – território sublime.
Emerge entre as espumas dos oceanos de brumas
e o luzir resplandecente do sol da mente
de alguém que navega em rotas desconhecidas
com a nau da vida florindo e espalhando sementes.
O que me leva no vento, atravessando no tempo,
aos versos inspiradores do poeta indiano
Rabindranath Tagore:
“Você não pode cruzar o mar
meramente estando parado
e olhando para a água.”
Eu diria, escrever é deixar aflorar em palavras os movimentos
de meus mergulhos, com medos e sem medos,
o sentir da vida, que é único, e oferecer o perfume.