O tratamento da presbiopia, condição comum que afeta a visão de pessoas após os 40, acaba de ganhar uma nova alternativa nos Estados Unidos. Em 31 de julho, a Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso da solução oftálmica VIZZ, desenvolvida pela biofarmacêutica LENZ Therapeutics. A medicação é a primeira baseada em aceclidina a receber aval da agência para essa indicação.
A presbiopia ocorre devido à perda gradual da elasticidade do cristalino, lente natural do olho responsável pelo foco. Isso dificulta a leitura de textos próximos, o uso de celulares e outras atividades cotidianas. Até agora, as soluções mais comuns eram óculos de leitura, lentes multifocais ou cirurgias. A VIZZ oferece uma abordagem não invasiva e temporária para restaurar a visão de perto.
O princípio ativo, aceclidina 1,44%, é um miótico seletivo — uma substância que contrai o esfíncter da íris, diminuindo o tamanho da pupila. Esse efeito, conhecido como “pinhole” (ou buraco de agulha), aumenta a profundidade de foco, permitindo que a pessoa enxergue melhor de perto sem prejudicar a visão de longe.
Nos estudos clínicos, o início da ação ocorreu em cerca de 30 minutos, com duração de até 10 horas, proporcionando autonomia ao paciente durante a maior parte do dia.
A aprovação foi baseada em três ensaios clínicos de fase 3: CLARITY 1 e 2, que reuniram 466 pacientes acompanhados por 42 dias, e CLARITY 3, com 217 participantes avaliados por seis meses. Os resultados mostraram melhora significativa na visão de perto em comparação ao grupo controle, atingindo as metas primárias e secundárias estabelecidas.
Sintomas de presbiopia ou “vista cansada”
- Dificuldade em ver com pouca luz (baixa luminosidade).
- Dificuldade em focar pequenos objetos ou letras pequenas.
- Cansaço visual durante a leitura por longos períodos.
- Dificuldade para enxergar de perto e a necessidade de afastar cada vez mais os objetos para leitura.
- Dor ao redor dos olhos.
- Ardência.
- Vermelhidão e lacrimejamento.
- Manchas na visão de perto e visão turva.
Em termos de segurança, o medicamento apresentou um perfil favorável. Não houve registro de eventos adversos graves relacionados ao tratamento em mais de 30 mil dias de uso observado. Os efeitos colaterais mais comuns foram irritação ocular no momento da aplicação (cerca de 20% dos casos), visão ligeiramente turva (16%), dor de cabeça (13%) e vermelhidão nos olhos (8%). Segundo os pesquisadores, todos os sintomas foram geralmente leves, temporários e autolimitados.
Para Eef Schimmelpennink, CEO da LENZ Therapeutics, a aprovação representa “um marco transformador” no tratamento da presbiopia, condição que afeta aproximadamente 128 milhões de adultos apenas nos Estados Unidos. A expectativa é que as amostras da VIZZ estejam disponíveis para oftalmologistas já em outubro de 2025, com lançamento comercial amplo previsto para o final do quarto trimestre.
Segundo a empresa, o novo colírio não substitui os óculos em todos os casos, mas oferece mais liberdade e conveniência, especialmente para quem deseja uma solução prática e temporária para eventos ou atividades específicas.
Fonte: Metrópoles