A sucessão do ministro Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal abriu uma nova frente de tensão política em Brasília. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades para consolidar o nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, inicialmente apontado como favorito ao cargo. A resistência parte de aliados dentro da própria base governista, que avaliam riscos na sabatina no Senado e apontam possível desgaste político na aprovação da indicação.
A rejeição ao nome de Messias cresceu nos últimos dias e levou o Planalto a testar alternativas. Nos bastidores, Lula voltou a sondar a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), de Mato Grosso do Sul, vista como um nome de forte articulação política, com amplo trânsito entre senadores e menor potencial de enfrentamento institucional. Interlocutores próximos ao presidente destacam que, embora Lula cogite Tebet, a análise tem sido conduzida de forma estritamente técnica, considerando sobretudo a viabilidade de aprovação no Legislativo e a estabilidade política da nomeação.
Paralelamente, informações obtidas em primeira mão pelo Fato67 revelam que o nome da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) também segue no radar de auxiliares do presidente e jamais foi totalmente descartado. Aos olhos de técnicos do governo, Soraya atenderia com mais precisão aos critérios buscados para a vaga, reunindo perfil jurídico considerado compatível com as exigências da Corte e capacidade de dialogar com setores independentes do Congresso. Além disso, lideranças ligadas ao campo progressista avaliam que parte da ala petista manifesta maior simpatia por Soraya, vista como um nome menos sujeito a resistências ideológicas e com potencial de construir pontes em votações sensíveis no Senado.
Nos bastidores, o episódio foi interpretado como um termômetro de aceitação popular e reforçou a percepção de que a senadora não saiu do radar do Planalto, apesar de não haver, até o momento, uma articulação formal consolidada em torno de sua escolha.
Com a resistência à indicação de Messias ainda sem solução, a articulação em torno de alternativas ganha fôlego. Interlocutores admitem a existência de um plano de contingência pronto para ser acionado caso a rejeição interna e no Senado se consolide. A possibilidade de uma indicação sul-mato-grossense passou, inclusive, a ser mencionada de forma mais frequente nos corredores do Congresso.
Enquanto o presidente ajusta sua estratégia, líderes governistas acompanham o cenário com cautela. A escolha para o Supremo exige cálculo político minucioso diante de um Senado cada vez mais independente e disposto a exercer protagonismo nas sabatinas. Até que Lula bata o martelo, o clima segue de incerteza, mantendo em aberto a disputa entre Simone Tebet e Soraya Thronicke como alternativas viáveis ao nome de Jorge Messias.
Fonte: Política Voz

