John B. Watson foi o primeiro a aplicar de maneira sistemática princípios psicológicos ao comportamento do consumidor. Ele percebeu que, se emoções podiam ser condicionadas em laboratório e também no mercado. Introduziu no marketing ideias como estímulos associativos, repetição sensorial, vínculos emocionais artificiais e técnicas que conectavam produtos a desejos profundos, muitas vezes inconscientes. Não tinha pudor algum em admitir o caráter manipulativo disso. Pelo contrário, falava com ironia e até com certo orgulho sobre sua capacidade de influenciar, direcionar e moldar comportamentos. Para ele, o ser humano era essencialmente treinável. Bastavam os estímulos certos para fabricar preferências, hábitos, impulsos e até convicções.
Watson celebrava a psicologia como a ferramenta capaz de persuadir pessoas a comprar o que não desejavam, nem precisavam. Há relatos de que ele ria da ingenuidade do público e afirmava que podia transformar qualquer produto em algo irresistível se encontrasse o estímulo emocional adequado. O consumidor, em sua visão, era altamente sugestionável, quase infantil, e a propaganda tinha a missão de explorar essa vulnerabilidade. Sua abordagem cínica antecipou o que hoje chamamos de marketing comportamental, algoritmos de atenção, engenharia de dopamina e manipulação psicológica em escala massiva.
Hoje pessoas e empresas aprenderam a disputar a emoção, afeto e carência do público. Plataformas são construídas para capturar impulsos. Tecnologias são desenhadas para manter pessoas presas em ciclos de estímulos incessantes. O que antes era um experimento tornou-se ecossistema. E o pior é constatar como tanta gente, se torna presa fácil de narrativas sedutoras, gurus performáticos e promessas vazias embaladas com brilho artificial. Lobos digitais exploram o deslumbre dos incautos, amplificando ilusões e vendendo o que não conseguem entregar.
Como disse Paulo: “Ó insensatos gálatas! Quem vos fascinou para não obedecerdes à verdade…” Gálatas 3:1. Fascinação é isso: um encantamento que paralisa o discernimento. Um hipnotismo emocional que sequestra a lucidez.
Eu pessoalmente gosto de publicidade. Quando feita com ética, ela inspira, comunica e cria pontes. Mas o que vemos na web ultrapassou todos os limites. A obsessão pela performance, pela exposição, pela autopromoção constante revela uma geração que viver para mostrar, exibir, parecer. A vida virou vitrine. Pessoas viraram personas. E o resultado é um ambiente saturado de teatralidade emocional, gente que vive para impressionar e que vende um brilho que não ilumina.

