As fobias de hoje distorcem o novo ano.
Definamos o que são fobias Fobia é um tipo de perturbação da ansiedade caracterizado por medo ou aversão persistente a um objeto ou uma situação. Nomeadamente, chegam a causar um tal medo esmagador e debilitante desse algo, que leva a que o indivíduo fóbico organize a sua vida baseado na evicção daquilo que lhe causa esse medo. Wikipédia
Cada vez que o calendário gregoriano muda de ano sempre esperamos que o novo ano seja diferente do velho. A maioria trata o ano entrante como alguém que precisa ser conquistado, mesmo que para isso se precise tentar iludir com promessas vãs e incumpríveis. Espero do fundo do coração que desta feita no final do próximo ano possamos olhar para trás e verificarmos que realmente mudamos e construímos um excelente ano. Caso realmente cumpramos as promessas feitas inevitavelmente alteraremos a ‘malha da realidade’ e seremos recompensados por isso.
Vou deixar a descrição do Ano Novo sob a responsabilidade de brilhantes cronistas. Estela Fiorin que publicou sua Crônica, em 02/01/2019, no blog da Maysa Abrão, que a faz de modo brilhante e que transcrevo trechos:
“Faltava dez para meia noite. Os fogos de artifício já brilhavam no céu há algumas horas. Pobres gatos e cachorros, idosos e gestantes: os sustos, quando sozinhos, são mais horripilantes. Pobres dos solitários, que não tiveram com quem compartilhar tamanha grandiosidade de uma virada de ano. Li, qualquer dia desses, em alguma das minhas redes sociais, que o Ano Novo é isso: dar uma nova chance. Chance de perdoar, de fazer melhor, de fazer mais, dar mais, amar mais, de parar com todos os ‘e se’ que soltamos para tantas coisas e aproveitar o que quer que venha a acontecer. Mas o que é isso, se não uma segunda-feira?
Nós sempre estamos começando outra vez, afinal. Uma dieta, um exercício, um livro, uma receita. E experimentando, experimentando, melhorando, aguçando, degustando, salgando ou adoçando alguma coisa. E na quarta-feira? Tudo igual, tudo a mesma coisa do último domingo em que decidimos começar diferente no dia seguinte. E, de segundas em segundas, todos os novos trezentos e sessenta e cinco dias de um Ano Novo, começamos e terminamos ciclos e ciclos. Fases e fases. E de imprevistos em imprevistos nós continuamos vivendo: ultrapassando, vencendo, perdendo, mas sempre atingindo [objetivos] e enfrentando [obstáculos].
Talvez, muito talvez, o primeiro dia de um ano impulsione mais facilmente. Talvez ele tenha mais força que o primeiro dia de uma semana, ou talvez seja o ‘primeiro’ que tenha esse poder. ‘Começo’ e ‘primeiro’ acabam se complementando e modificando nosso raso sistema operacional contingente.
Meia-noite. Barulhento, afetuoso, cheio de abraços e desejos de… estamos em lua minguante, banimento, certo: desejos de que sejam afastados e banidos todos os sentimentos ruins, toda a maldade, toda a inveja, o desemprego, a falta de grana, os amores malsucedidos. Muitos abraços, muitos ‘Feliz Ano Novo!’, mais cerveja, mais funk. Pagode. Sertanejo. Risadas, bocejos, apertos de mão, cama. Mais um Ano Novo, mais uma prospecção de vida nova, mais uma noite de pouco sono. Ainda assim, tudo maravilhoso. Um amor no peito e um bem ao lado. E todos os sucessos de um ano incrível que acabou ficando para trás também.
Pode ser, e essa é a minha esperança, que percebamos que, assim como em cada dia em que acordamos vivos e com saúde, este dia não passe de mais uma oportunidade divina para recomeçarmos, continuarmos ou, porque não, finalizarmos ciclos. Descobrir coisas novas. Acertar mais, errar outras vezes, mas sempre arriscar. Porque o significado do ‘Novo’ é esse: ser, fazer, aceitar, começar ou terminar, tudo diferente.”
Já Luís Fernando Veríssimo, em 2012, na sua Crônica de Ano Novo na Revista Arara, com seu humor fino, aborda o tema de outra forma que, também, transcrevo trechos:
“Existem muitas superstições sobre a melhor maneira de entrar o Ano-Novo. Na nossa casa, por exemplo, nunca falta um prato de lentilha para ser consumido nos primeiros minutos do ano que começa. Dá sorte. Ouvi dizer que na Espanha, ao soar da meia-noite, deve-se comer uma uva para cada badalada do relógio. Este costume chegou à Bulgária mas, por uma falha na tradução, lá se come um melão para cada batida do relógio, e os hospitais ficam cheios no dia 1º. Na Suíça, comem o relógio.
Algumas crenças persistem através do tempo, desafiando toda lógica. Se o champanhe aberto à meia-noite não estourar e se tiver alguém na família chamado Edgar, é sinal de que a casa será arrasada por uma manada de elefantes e o champanhe está choco. Na Rússia, depois de brindarem o Ano-Novo com vodca, os convidados devem atirar suas taças contra a parede e depois ficar muito brabos porque não há mais copos na casa e atirar o anfitrião contra a parede. De qualquer maneira, a festa termina cedo.
Na Índia se a primeira criança que nascer no Ano-Novo tiver bigode, fumar de piteira e pedir para falar urgentemente com o Kofi Anan, é mau sinal. Na Polinésia, em certas tribos primitivas, o guerreiro mais audaz deve levar a virgem mais bonita até a boca do vulcão e atirá-la para a morte, como um sacrifício aos deuses. Mas a encosta do vulcão é comprida, os dois param para descansar um pouco e, quando chegam à boca do vulcão, estabelece-se o paradoxo: se o guerreiro era audaz, a moça não é mais virgem, se a moça ainda é virgem, o guerreiro não era audaz, e o sacrifício sempre fica para o ano que vem. Na Austrália, todos se atiram contra a parede.
Entrar o Ano-Novo de gravata-borboleta pode comprometer seriamente as relações entre o Oriente e o Ocidente. O primeiro animal que você encontrar na rua no Ano-Novo pode significar uma coisa. Cachorro é sorte. Gato é dinheiro. Rato é saúde. Um bando de hienas é azar, corra. Um cavalo roxo dançando o xaxado na calçada significa que você está bêbado. Vá dormir.”
O presente artigo transcrevendo, novamente, crônicas do passado elaboradas por brilhantes autores, é o presente com o qual resolvi brindar todos os meus leitores pela paciência de ler o que escrevo e a tolerância com todas as minhas ideias postas no papel. Assim desejo um Feliz e Próspero Ano Novo, muito sucesso e que os outros tenham com os meus leitores a mesma tolerância que eles tem comigo.
Trouxe trechos de artigos anteriores apesar que desta vez o próximo ano será eleitoral onde a oposição estará enfrentando todas as forças da máquina estatal. Felizmente não tenho partido, sou apenas um espectador disposto a resistir e enfrentar seja qual for o resultado, o que tenho feito ao longo de 79 anos de vida. Apenas uma observação – esquerda e direita para mim continuam sendo ordens de marcha nos quartéis, principalmente quando a maioria sequer sabe o que significam.
“Se existe algum segredo para o sucesso, é a capacidade de obter o ponto de vista da outra pessoa e ver as coisas do ângulo dessa pessoa, bem como do seu próprio” – Henry Ford, 1863 a 1947, empreendedor e engenheiro mecânico estadunidense, fundador da Ford Motor Company.

