O Hospital Perola Byington, em São Paulo, deu uma Bíblia para uma mulher vítima de violência sexual. O caso aconteceu na última quarta-feira (18), quando a mulher foi ao hospital para realizar um procedimento de interrupção de uma gravidez decorrência de um crime. A instituição diz “lamentar” o ocorrido.
O caso foi denunciado pela vítima ao projeto Milhas pela Vida das Mulheres, ação que oferece informação sobre aborto legal no país e no exterior. A organização já acompanhava o caso da mulher desde a entrada no hospital.
Ela relatou ao projeto que as mulheres que entregaram a Bíblia estavam uniformizadas e não perguntaram em nenhum momento se ela queria receber o livro. A situação ocorreu no setor de ultrassom.
“Não eram duas ou três [Bíblias] na mão, eram caixas. Não sabemos o tamanho disso, mas estamos entrando com uma manifestação no Ministério Público”, disse Juliana Reis, roteirista, e fundadora do projeto.
Segundo Juliana, a mulher se encontra bem, apesar de ter ficado incomodada com a situação. A vítima chegou ao grupo após descobrir uma gravidez fruto de violência sexual dentro do próprio casamento.
O caso chegou à deputada Sâmia Bomfim (PSOL), que disse nas redes sociais que protocolou um ofício junto ao hospital para averiguar o caso.
O Hospital Pérola Byington faz parte da rede pública de Saúde do estado de São Paulo e é tido como um dos melhores em relação à saúde da mulher. Por isso, é buscado por diversas pacientes que precisam abortar de maneira legalizada.
A interrupção da gravidez é prevista pela lei brasileira para os casos de violência sexual, risco de vida para a gestante e anencefalia fetal.
A Secretaria de Saúde de São Paulo redigiu uma nota que afirma que o Pérola “lamenta o desconforto e repudia qualquer atitude contrária à liberdade de consciência e de crença quanto o caráter laico de instituições públicas, previstos em Constituição”.
Além disso, acrescenta que “para que situações como esta não se repitam em nenhum setor do hospital, a direção do Hospital Pérola Byington realizou nova reunião com profissionais e voluntários do setor de humanização e capelania hospitalar, reforçando a obrigatoriedade do cumprimento das normas estabelecidas pelo serviço, que respeita as escolhas individuais de suas usuárias e, justamente por isso, não permite a distribuição de panfletos ou livros”. Por fim, a nota diz que o Pérola Byigton considera “inadmissível qualquer coação às suas pacientes”.
A distribuição da Bíblia ocorreu no setor de ultrassom “que atende pacientes acompanhadas por diversas frentes de atendimento, incluindo a oncologia e mulheres assistidas no Ambulatório de Violência Sexual do Programa Bem me Quer”, segundo a administração da instituição.

