A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (23), a Operação Imhotep contra supostas fraudes em convênios de prefeituras de Roraima com o governo federal, 22 mandados de busca e apreensão foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal de Roraima. Um dos investigados é o ex-senador Romero Jucá (MDB).
Agentes federais estiveram no prédio onde funcionam uma produtora e o escritório de Jucá no bairro Canarinho, zona Norte de Boa Vista, e também na casa dele, no bairro Paraviana, área nobre da cidade.
A PF levantou na investigação que três empresas de engenharia são suspeitas de pagar propinas em contratos que seriam distribuídas ao ex-senador Jucá e a servidores públicos que auxiliariam na prática dos crimes.
O esquema de propina funcionava por meio de verbas do programa federal Calha Norte que deveriam ser destinadas às prefeituras.
Na investigação, a PF identificou que as prefeituras recebiam verbas do programa e Romero Jucá indicava empresas para executarem os serviços. Essas empresas, segundo a polícia, fechavam contratos com a prefeitura para fazer os trabalhos, e subcontratavam outras firmas de familiares ligadas ao ex-senador. Ao receber os valores, repassavam para Jucá em forma de propina.
A investigação da PF apontou que os recursos direcionados às prefeituras eram indicados pelo ex-senador, que tinha forte poder político de como iria circular os valores dentro do grupo montado por ele.
Os principais crimes investigados são fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. A soma das penas para estes crimes podem ultrapassar 35 anos de reclusão.
Além de Jucá, pessoas ligadas a ele são alvos da operação. Não foram informados os nomes dos demais investigados.
As investigações da PF encontraram indícios da existência de uma organização criminosa suspeita de fraudar a celebração de convênios com prefeituras em Roraima entre os anos de 2012 e 2017, em especial com o município de Boa Vista.
O período investigado coincide com a gestão da ex-prefeita Teresa Surita – braço direito de Jucá em Roraima, ela governou a capital de 2013 a 2020. Procurada, a assessoria dela ainda não enviou resposta.
As investigações da PF e da Controladoria Geral da União (CGU) identificaram que ao menos R$ 15 milhões foram pagos em propina. O valor que teria sido destinado ao ex-senador não foi informado.
Há indícios que o ex-senador interferiria em assuntos relacionados a convênios nos quais houvesse a aplicação de verbas federais viabilizadas por ele, havendo evidências, inclusive, do ‘travamento’ de pagamentos de verbas de emendas parlamentares de sua autoria caso não houvesse o repasse de propinas.
Os recursos chegariam ao ex-parlamentar por meio de familiares e de empresas de que são sócios, que receberiam os valores inicialmente.
Os mandados foram expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal em Roraima, e são cumpridos nos estados do Roraima, São Paulo e Distrito Federal.
Operação Imhotep
O nome da operação faz alusão a Imhotep, que é reconhecido como um grande “engenheiro” do Egito antigo, a quem é atribuído a construção de várias obras faraônicas, como a Pirâmide de Djoser.
Com informações do G1

