De acordo com um levantamento divulgado no último domingo, 5, pelo Instituto Brasileiro do Fígado (Ibrafig), o consumo de bebidas alcoólicas cresceu durante a pandemia e foi usado principalmente para lidar com sintomas de mal estar e ansiedade provocados pelo isolamento social. Além disso, 18,8% dos entrevistados confessou que considera o próprio consumo diário de bebidas como ‘abusivo’.
Ao todo, o estudo feito com pessoas de todas as regiões do país revelou que 55% da população brasileira tem o hábito de consumir bebidas alcoólicas, e deste público, uma em cada três pessoas no país consome álcool pelo menos uma vez na semana. O consumo abusivo de bebidas alcóolicas foi relatado por 18,8% dos brasileiros ouvidos na pesquisa. Além disso, o brasileiro consome, em média 450 ml de vinho ou três latas de cerveja por ocasião, comportamento que a especialista em doenças e em transplantes de fígado, Liana Codes, considera que precisa de atenção, pois o consumo de bebidas alcoólicas da população brasileira é acima do recomendado pelos órgãos de saúde.
Liana explica que “O resultado nos mostra que a população tem um consumo importante de álcool, com frequência e numa quantidade significativa a cada ocasião. O consumo considerado adequado é não mais do que 14 gramas – que equivale a uma dose 45 ml de destilado, 150 ml de vinho ou uma lata de cerveja, por dia” disse, destacando que “É importante que a população se atente para o consumo consciente de álcool, para que a médio e longo prazo não tenhamos um aumento significativo dessas complicações”, completou.
Tendência de risco
Outro levantamento feito pelo Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA) revela que o consumo abusivo do álcool cresce no Brasil de forma constante, particularmente entre o público feminino. O levantamento feito pelo CISA ainda cita que pessoas do sexo feminino são ‘mais susceptíveis’ a desenvolver cirrose e hepatite alcoólica.
Nos últimos anos, apenas a cirrose hepática já ultrapassou o número de mortes acumuladas por embriaguez ao volante e atualmente é a principal causa de mortes relacionadas ao álcool no Brasil. O presidente da Ibrafig, Paulo Bittencourt. destaca que “No último ano, há uma tendência de aumento de consumo entre as pessoas do sexo feminino. As mulheres são mais susceptíveis a desenvolver cirrose e hepatite alcoólica, por questões fisiológicas. O uso de mais de uma dose padrão de álcool por dia pode desencadear a doença hepática” diz.