Marcus Boaz, de 10 anos, é estudante da Escola Municipal Josafá Aires da Costa e é um dos três representantes de Macapá na etapa regional das Paralimpíadas Escolares, realizadas em Brasília. No segundo dia de competição nesta quinta-feira (11), o garoto já acumula duas medalhas de prata, nas modalidades de arremesso de peso e lançamento de pelota.
O menino utiliza cadeira de rodas desde os 4 anos de idade. Sem nunca tirar o sorriso do rosto, ele aprendeu a encontrar a felicidade através dos esportes apesar de todas as adversidades. Marcus tem o diagnóstico de Mielite Transversa, uma inflamação da medula espinhal que pode acontecer como consequência de infecções ou doenças autoimunes.
A doença foi descoberta quando o menino sentiu uma dor súbita na altura do quadril e a sensação de choque na palma dos pés. “Estávamos no carro, voltando pra casa. Quando chegamos, ele entrou e sentou no sofá e de lá não andou mais. Levamos ao hospital, e no caminho ele não tinha mais forças nas pernas. Fizemos todos os exames possíveis”, lembra Maria de Lurdes, mãe do garoto.

Perder a capacidade de andar é algo que muda completamente a vida de uma pessoa, e quando acontece com uma criança ela precisa aprender que tem uma força que até então não conhecia.
“O Marcus é forte, meu filho é muito forte e eu tenho muito orgulho dele. Ele nunca se deixa abalar. Ele quer correr, nadar, pular de paraquedas, ele é assim: um menino sem limites”, conta, orgulhosa.
O garoto sempre foi ativo, aposta corrida com os amigos, ele na cadeira de rodas e os outros de bicicleta. No futebol, é goleiro das partidas. Marcus também faz natação e agora se aperfeiçoa com o lançamento de peso e pelotas.
Marcus treina todos os dias em casa com o apoio de sua família. “O fato dele ser bem ativo, não ter medo faz com que a gente sempre procure incentivar tudo quanto é área do esporte. Em casa mesmo, boto ele pra treinar as pelotas, peso, a gente coloca quilo de feijão, faz uma bolinha e ele fica malhando os braços. Já que a gente não tem algo mais profissional, vamos tentando se adequar”, conta a mãe.

O garoto se inspira no paratleta Fernando Fernandes, que é desbravador de esportes adaptáveis, e diz que quer ser como ele quando crescer. O céu é o limite para o pequeno Marcus e as Paralimpíadas Escolares são apenas o começo dessa jornada. “Eu vou trazer a medalha pra casa”, declarou ele, antes da competição.
Jogos Paradesportivos
As Paralimpíadas Escolares seguem até sexta-feira (12). Esse é o maior evento esportivo para estudantes com deficiência do Brasil. Pela primeira vez, a Prefeitura de Macapá envia alunos para a etapa regional da competição. Todos os três estudantes estão classificados para a etapa nacional do evento, que acontecerá em novembro, em São Paulo (SP).
Os estudantes que participaram da etapa regional das Paralimpíadas Escolares foram selecionados a partir dos Jogos Paradesportivos, em maio. O evento teve a participação de 169 crianças da rede municipal de ensino.