Ser honesto, ter coerência, equilíbrio e dinamismo, são, incontestavelmente, elementos imprescindíveis na execução dos programas governamentais federais, estaduais e municipais.
Um ano antes de a campanha eleitoral ter seu início, os estrategistas do colarinho branco já cercam os candidatos ao governo, com o intuito de saquear os cofres públicos e sugestionar o (a) possível novo (a) governante a praticar improbidades diversas.
Mal se encerra o pleito e os esquemas nocivos, propostas vis e ciladas contra o novo gestor eleito, já aparecem nas especulações. Alguns aventureiros que nenhum vínculo jamais possuíram com o nosso estado, conhecidos vulgarmente como “raposas” permanecem vigilantes, atentos, mas aparentemente invisíveis, eis que representando empresas de outros estados, são “experts” em manipular contratos e licitações ilícitas, levando o povo à completa ruína. Todavia, calados e dissimulados estão confeccionando as manobras macabras para saquear a ilha, mais esta vez.
O mal está em dores de parto. O perigo está à solta e na ausência de um dos requisitos sobre a arte de governar com decência, o fracasso será sempre inevitável, principalmente quando se põe em discussão um plano de desenvolvimento de estrutura organizacional que irá seguir a “nova ordem” social e econômica.
O novo governante terá que exterminar da sociedade essas figuras folclóricas, assim como os fantasmas da dúvida, da hesitação, do medo, da perseguição, da desonestidade, do parasitismo, do lobismo, da incompetência, da inoperância, da mentira, do oportunismo, das quadrilhas do colarinho branco, que possuem riquezas fora do Amapá, dos maus assessores, etc.
Nossos governantes brasileiros tentam, desde 1.949, a médio e longo prazo, adquirir o controle das dicotomias sócio-econômicas espraiadas na região norte brasileira.
Diversos foram os planos criados, inclusive aqueles a nível nacional. Todavia, infelizmente, o fracasso permaneceu, com o surgimento de resultados pouco alentadores.
Esse fato, absolutamente inquestionável, não é privilégio do norte brasileiro, mas da maioria, para não dizer totalidade, das sociedades, sejam elas desenvolvidas ou subdesenvolvidas.
Basta o exemplo americano, britânico e alemão, para excluir a fadiga de elencar “o mundo dependente”.
Em verdade, para desespero dos planejadores, o todo do Estado do Amapá costuma ser maior do que a soma governamental das partes.
Torna-se inexplicável muitas vezes, a incrível facilidade com que a realidade vivida pelo povo amapaense vem atropelando as previsões delineadas por assessores oficiais dos Poderes constituídos.
Atualmente, as margens de acertos são minúsculas, em comparação com as iniciativas perspicazes e técnicas nascidas em passado remoto. O Território Federal do Amapá era mais acreditado.
A par de situações como esta, crônica e insuperável, até o presente momento, nossos líderes têm suportado prejuízos, de forma muito cara e pesada, por conta de uma assessoria arcaica, formada por pessoas desatualizadas e sem visão modernista, encontrando-se os tais “especialistas” fadados a copiar dogmas, teorias e práticas que nada tem em comum com a nossa realidade social e regional dos últimos tempos.
Portanto, ditas “assessorias”, na grande maioria desejosas de locupletarem-se do dinheiro público, transformam os governantes em “papagaio cobaia”. Já o povo, coitado do povo, transmuda-se em fantoche dos famigerados “experts”.
O Estado do Amapá vive hoje profunda instabilidade política e institucional, quer em razão dos escândalos surgidos, a nível nacional, quer em face de péssimos “assessores” de líderes políticos, que aqui chegaram pulando de pára-quedas, na imaginação de que aqui iriam encontrar uma tribo indígena para ser açoitada. Conduta cultural antiga, enraizada principalmente em mente retrograda de quem não viu o planeta modificar.
Por outro lado, encontramo-nos cercados pela força inflacionária e pelo declínio do crescimento econômico, sem reformas básicas abrangendo a administração pública, sistema fiscal, agricultura, assim como sem reformas de ajustes aos meios de exploração das riquezas naturais existentes. As regiões do Lourenço, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio são exemplos tristes dessa realidade vergonhosa.
A situação das hidrelétricas construídas no município de Ferreira Gomes é outra indecência exemplificativa de exploração depravada contra o nosso povo, cujas riquezas são destruídas em troca de nada.
O governo federal quase nada investiu no Amapá, nos últimos 50 anos. Não temos portos abertos ao Caribe e o nosso aeroporto, diga-se, internacional, parece uma rodoviária do interior de centros urbanos mais desenvolvidos.
Nossa região tem sido objeto de constante pirataria e saques, desde a mais remota época. Daqui levam minérios, madeira, dinheiro público, mulheres, energia, pescados etc.
Antes, deixavam para trás índios famélicos, escravos e desterrados. Hoje, deixam os cofres públicos vazios, analfabetos, muita miséria nas periferias e o povo cheio de doenças.
De lá para cá, apesar das transformações sofridas, continuamos carentes de um programa de desenvolvimento estrategicamente sério e respeitoso.
Por essas e outras atitudes tupiniquins, não possuímos hoje um povoamento de colonização promissora e capaz de desenvolver os pólos de investimento, bem como necessitamos, para a melhoria de nossa situação sócio-econômica, de pesquisas e recursos que se adeqüem e ajustem-se às formas de controle de diretrizes setoriais na exploração das nossas riquezas minerais, na agropecuária, na piscicultura, na construção civil, etc.
Ora, sabemos que o melhoramento das rodovias intermunicipais proporcionará a confecção de uma nova economia voltada para os investimentos agrícolas, de energia, transportes rodoviários, marítimos e aéreos, os quais, por sua vez, se ajustarão aos impactos da regionalização, fortalecendo a economia do estado e amenizando o êxodo rural.
Somente com o desenvolvimento industrial responsável é que conseguiremos eliminar conceitos caducos e ultrapassados, os quais tornaram-se culpados pela desconcentração de capital e de renda no Estado do Amapá, como por exemplo, a idéia tacanha e bizarra de fechar as portas do nosso Estado para os investidores responsáveis e honestos.
A idéia dos pólos de desenvolvimento nos municípios se justifica pela seleção de aplicação de prioridades, na busca do fortalecimento estatal.
Sem o crescimento industrial continuado, sem a abertura dos portos, aeroportos, rodovias e investimentos agropecuários, assim como, sem o controle exato das explorações aqui realizadas, não há como desenvolver o Amapá.
A empresa BEADELL leva toneladas de ouro mensalmente do nosso solo, sem que haja o mínimo de controle sobre a quantidade e qualidade desse minério. Isso é um assalto contra a população!
Enquanto isso, nossa gente morre a míngua, sem o mínimo de decência e ao relento.
Não podemos aplicar aqui soluções adquiridas através de outros estados, seja pelas diferenças regionais existentes, seja pela realidade exótica de nossos costumes.
A Amazônia e, especialmente o Amapá, possuem aspectos e características próprias, sendo insatisfatório copiarmos modelos de folhetim, sem, contudo favorecer uma análise mais profunda daquilo que nos pertence.
O que muito se tem questionado é a quem aproveita o modelo ou, a quem compete formulá-lo. Claro que o modelo do Estado do Amapá há de servir aos amapaenses. Claro que a competência de sua formulação há de ser dos próprios amapaenses, num pacto sócio-econômico-político. Isto fará com que o compromisso estadual ocorra em favor do nosso próprio desenvolvimento.
Portanto, chegou a hora dos amapaenses lutarem contra os parasitas e afastarem do poder, aqueles vigaristas que enriqueceram através da desgraça alheia, vendendo a alma para o diabo.
Cícero Bordalo
Advogado, ex-Conselheiro Federal da OAB, ex-Presidente Nacional da Comissão da Igualdade e ex-Secretário de Justiça e de Segurança Pública do Estado do Amapá.