Em rápido passeio no seio social verifica-se uma proposital postura de exclusão dos intelectuais dos debates de interesse público, com práticas limitadoras e condenáveis. Essas barreiras sociais da participação efetiva dos intelectuais na vida pública ou privada tem construído estratégias eficientes para patrocinar sua exclusão. Uma delas é de rotular o intelectual de arrogante, “professor de Deus”, pavão e outros adjetivos, tudo com o propósito de provocar sua mutilação como indivíduo participativo e inviabilizar sua participação no debate público e anulá-lo.
Essa prática de exclusão, praticada ardilosamente pela maioria, criou a possibilidade dos menos aquinhoados intelectualmente terem participação mais efetiva e massiva no debate público. Isso, naturalmente, trouxe menos qualidade e menos resultados positivos para as discussões de interesse geral. O resultado no plano político é desastroso. Na perspectiva das ações executivas é catastrófico. O que se vê são parlamentos abarrotados de cabeças ocas, despreparados até para cuidar da própria incolumidade física e da liberdade. No plano executivo observa-se quadros incapazes de compreender a própria função nas instituições onde desempenham precariamente suas atribuições.
Na estrutura dos entes públicos essa prática de desprestigio ao conhecimento tem produzido resultados catastróficos. As seleções formais públicas têm evitado o agravamento dessa calamidade, mas o pouco que resta de discricionariedade tem elevado o risco de produzir resultados bisonhos com a utilização de recursos humanos que desprezam o conhecimento. O movimento anti-intelectual tem uma estrutura orgânica robusta e auto-organizada que todo dia produz um anticorpo contra os intelectuais.
Como estratégia de exclusão, é comum tachar os intelectuais de tartarugas, rebuscados, “voadores”, complicados, formuladores de teorias furadas, pessimistas, enfim. Nada disso vem do acaso. A articulação silenciosa da mediocridade tem eficiência e movimenta massas harmonizadas no propósito de destruir os que carregam na mochila o conhecimento e a vontade de construir um mundo melhor. O pior é que não há um movimento organizado para eliminar essa prática social nefasta e – até os intelectuais – às vezes – são cooptados pela cangalha odiosa do obscurantismo que alimentam pulhas insuportáveis.
Vicente Cruz
Presidente do Conselho de Administração, advogado sênior e Estrategista Chefe do IDAM (Instituto de Direito e Advocacia da Amazônia)
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