Desde o início do mandato o presidente Bolsonaro vem abusando das práticas de atos incompatíveis com a dignidade do cargo que exerce. O economista e comentarista político Maílson da Nobrega, que conhece profundamente o assunto diz que o “desapreço de Bolsonaro pela forma como procede no cargo bem diz de seu despreparo para ocupar a posição mais excelsa do Brasil. Falar aos berros contra as instituições – como fez na avenida Paulista no dia 7 de setembro passado, chamar de canalha um ministro do Supremo Tribunal Federal e arvorar- de rei medieval ao dizer que não cumpriria determinação são provas eloquentes de seu destempero e desequilíbrio. São muitos os casos de comportamento reprovável. Não é estranho, pois, que ele não se preocupe em seguir, com bons modos, a liturgia do cargo “. Maílson escreveu isso há quase um ano. De lá pra cá o presidente só piorou.
Sabe-se do alto valor simbólico do cargo de presidente da República. Como dignitário máximo expressa a própria nação como seu interlocutor soberano. George Washington deu aula de como proceder na liturgia do cargo. Sua postura serviu de exemplo para todos os seus sucessores, cuja mácula só foi experimentada com o ogro Donald Trump, que, tal qual Bolsonaro, abusou de ofender a liturgia do cargo. George Washington liderou com maestria, equilíbrio e, sobretudo, com dignidade. Para ele, o presidente com seu comportamento era a chave para construir no povo o modelo de homem que cada americano imaginava. Um líder que entende a liturgia do cargo constrói um espírito de civilidade que conduz ao desenvolvimento. Não há progresso no caos comportamental.
É provável que algum brasileiro, ou alguns, aprovem o comportamento do presidente que, como um moleque empinando pipa, guisa (destrói) o do amigo porque a sua não alcança a altura desejada. Um presidente não pode se comportar com um aluno valentão que desfocada da aula opta por aparecer destruindo o ambiente escolar com sua violência moral e material. Como diz, mais uma vez, Maílson da Nóbrega, “Bolsonaro não deveria calçar as sandálias de plástico em público, nem receber autoridades trajando camisetas de clubes de futebol. Nada a ver com elitismo. Na democracia representativa, pressupõe-se que a eleição é um processo de seleção de pessoas da elite com atributos para o trato com a coisa pública.” O medo que se impõe nesse momento é Bolsonaro chamar um membro do Congresso ou do Judiciário para um embate “na hora da saída” como fazem os alunos valentões. Aí é fim!