Em artigo recente, intitulado “Inovação e tecnologia nos municípios amapaenses”, publicado neste espaço, fez-se uma abordagem geral sobre a necessidade da construção de ambientes favoráveis para o desenvolvimento com inovação e tecnologia a serem urgentemente implementados pelos municípios. Em visita técnica recente a vários municípios, feita pelos consultores do IDAM (Instituto de Direito, Administração e Gestão da Amazônia), num árduo trabalho de campo, apurou-se um quadro grave na estrutura organizacional dos municípios que necessita ser levado a sério pelos gestores municipais, sob pena de condenar os cidadãos a uma vida indigna, mais pela baderna administrativa do que pela sempre alegada falta de recursos.
As experiências administrativas dos municípios estão assentadas na estratégia de “tapar buraco”, literalmente, distanciando-se de um planejamento adequado, feito com esmero, para propiciar um avanço nos indicadores sociais e , assim, melhorar a qualidade de vida dos habitantes. A necessidade de se valer de estudos técnicos profundos para só então elaborar os planos de ação, impõe aos gestores dialogar com consultorias especializadas para que estas possam revelar o caminho a ser seguido. Com os recursos humanos que possuem, dificilmente haverá uma luz no fim do túnel para mudar o quadro caótico dos municípios amapaenses. Apenas Macapá e Santana já ensaiam se valer de recursos humanos com qualidade para que a gestão tenha um diferencial na construção de soluções para os problemas do município.
Na verdade, os embaraços dos municípios começam com a dificuldade de ter em seus quadros executivos de qualidade com a remuneração que pagam. Depois há uma verdadeira resistência cultural em contratar consultorias para fazer o trabalho básico de gestão. Não há diálogo com as universidades para cooperação técnica. Tanto a Universidade Federal do Amapá quanto a Universidade Estadual do Amapá são instituições que poderiam contribuir para desenvolver soluções para os municípios. O terceiro setor também poderia ser utilizado para incrementar a qualidade das gestões. Essas alternativas, contudo, sequer são debatidas nos recessos executivos dos municípios, cuja única preocupação é “tocar o barco” da gestão, sem preocupação alguma em encontrar uma saída para o marasmo administrativo.
O Prof. Dr. Daniel Alves, da Universidade Federal do Amapá, Secretário Adjunto de Tecnologia e Inovação do município de Santana, tem insistido que a construção de parcerias com as universidades e o terceiro setor é chave para construir ambientes de desenvolvimento nos municípios que vão desde a elaboração de projetos à instrumentos legislativos que viabilizem as ações. Planejar o crescimento sustentável, afirma, é tarefa que se assenta na convivência pacífica do conhecimento acadêmico com a prática de gestão, afinal, para melhorar a qualidade de vida do cidadão e desenvolver a economia os gestores públicos precisam investir em um bom planejamento e com contar com parcerias saudáveis. Essa é a chave para o desenvolvimento dos municípios.