A violência em escolas ganhou destaque nas últimas semanas após um ataque realizado por um menor de 13 anos em uma escola em São Paulo ter vitimado uma professora de 71 anos.
O caso aconteceu por volta das 07h20 do dia 27 de março na Escola Estadual Thomazia Montoro, uma escola de ensino fundamental II, no bairro Vila Sônia.
O autor do ataque é um jovem de 13 anos, estudante do 8º ano nesta escola, que foi detido pela polícia.
O incidente desta quarta-feira marcou ao menos o 20º ataque em escola no Brasil desde 2002, deixou os moradores de Blumenau consternados.
De acordo com um levantamento feito pelo Instituto Sou da Paz no final de novembro do ano passado, desde 2002 o Brasil registrou 12 episódios de ataques com armas de fogo em escolas brasileiras.
Além disso, a CNN levantou ao menos oito episódios de violência no ambiente escolar – incluindo o desta quarta-feira – utilizando também outros tipos de arma, como facas.
Quem é esse monstro?
BLUMENAU (SC)
O que se sabe sobre o ataque à creche.
Homem de 25 anos invadiu uma creche, matou quatro crianças e feriu outras cinco.
A ocorrência aconteceu na rua dos Caçadores, no bairro Velha, no Centro Educacional Infantil (CEI) Cantinho do Bom Pastor.
O Hospital Santo Antônio, de Blumenau, informou à CNN por telefone que quatro crianças, com idades de até 2 anos, deram entrada no hospital e estão em atendimento.
“Elas foram atendidas pela equipe de urgência e emergência e as famílias estão recebendo apoio da equipe multiprofissional da instituição”, informou o hospital.
A quinta criança foi enviada para o Hospital Santa Isabel. O hospital informou à CNN que a vítima é uma menina de 5 anos, que recebeu sutura em ferimento no ombro e atendimento psicológico.
Após o ataque, o criminoso se dirigiu usando uma motocicleta até o 10º Batalhão de Polícia de Blumenau, se entregou e foi encaminhado à Polícia Civil.
Em coletiva de imprensa, o delegado Ulisses Gabriel, responsável pela investigação do ataque, afirmou que o autor do crime já teve quatro passagens pela polícia.
Em 2016, por briga em uma casa noturna, onde foi abordado pela PM. Em 2021, em março ele esfaqueou o seu padrasto. Em 2022, em julho foi abordado e estava na posse de cocaína. No final do ano de 2022 ele quebrou um portão na casa de seu padrasto e esfaqueou um cão que estava no local.
Nascido em 19 de dezembro de 1997, Luiz Henrique é natural de Salto do Lontra, no Paraná. Ele trabalhava como motoboy e mora na cidade catarinense onde aconteceu o ataque.
Quando um ataque violento a uma escola acontece, aumenta a probabilidade de ataques semelhantes se repetirem, o que é chamado por especialistas de “efeito contágio”.
Segundo Michele Prado, pesquisadora do Monitor do Debate Político no Meio Digital da USP (Universidade de São Paulo), este fenômeno pode ajudar a explicar a proximidade entre os ataques dessa quarta-feira (5/4) a uma creche em Blumenau (SC), e o atentado a uma escola de São Paulo, que deixou uma professora morta e quatro pessoas feridas ao fim de março.
E a especialista em radicalização alerta: novos ataques podem acontecer.
“Estamos no que chamamos de ‘janela de efeito contágio’, quando há um potencial de imitadores”, diz Prado.
ataque de Blumenau parece estar ligado à subculturas extremistas online.
Algumas dessas subculturas vêm planejando atentados simultâneos. Então há um potencial grande para o ataque de hoje não ser único”, alerta a especialista.
Prado observa que o atentado de São Paulo em 27 de março foi muito comemorado nessas subculturas de ódio online, pelo fato de, mesmo tendo sido realizado com arma branca, ter resultado em morte.
“Em algumas dessas subculturas, eles já estavam anunciando e instruindo que os alvos deveriam ser mais vulneráveis. Então o agressor de Blumenau pode ter buscado uma creche, pois ali as vítimas são mais vulneráveis a um ataque de arma branca”, avalia a pesquisadora.
Uma sociedade que não tem enfrentado a emergência do discurso de ódio, que é um problema global, não um caso específico do Brasil”, diz o educador.
Para Cara, entre as culturas mobilizadoras desses ataques estão a do ódio às mulheres, a do racismo e a exaltação de símbolos neonazistas e fascistas. “Esse é um tema que o Brasil resiste à enfrentar”, avalia.
Essa é a maior urgência, porque, por exemplo, a própria forma como a imprensa tem lidado com os ataques acaba realizando o objetivo dos atacantes: ter a imagem deles divulgada, ganhar notoriedade. Por isso o efeito [do ataque] de São Paulo gerou gatilhos”, observa o especialista.
É precoso analisar as condutas prévias de indivíduos perigosos e verificar se eles podem voltar à praticar condutas, em especial, aqueles que estão em liberdade.
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