Entendo a tua dor.
Essa coisa intangível,
Tão física,
Companheira
Absurda,
Intrusa
E que te satura,
Que se alimenta de ti
E vice-versa,
Que te consome,
Que te censura,
Ardendo no teu seio,
Inoportuna
E te exaure
Pouco a pouco
Até a beirada
Da morte.
Quando estás tu
À mercê da própria sorte.
Eu a compreendo
Perfeitamente;
Dialogo com ela,
Pois ela é
Como a minha própria:
Solitária,
Às vezes,
Enganosamente calma,
E silenciosa,
Outras vezes,
Ciclotímica.
Ora amarga,
Infecunda,
Estúpida,
Ora neurótica,
Rebelde,
Intensa
E profunda.
Ela apenas quer gritar,
Não há como evitar,
Eu a posso sentir…