Segundo a grande atriz italiana Monica Belluci: Um ator é como um piano, deve estar bem sintonizado. O impressionante e dramático ‘’A Última Nota’’, disponível na Netflix, entrega sintonia entre duas atuações extraordinárias – tanto pela dinâmica quanto pelo individual – que contam, de modo absolutamente expressivo, uma legítima tragédia contemporânea.
Nela, o famoso pianista Henry Cole (Patrick Stewart) vive um momento difícil de sua vida após a morte da esposa, desenvolvendo crises de ansiedade frequentes e medo das multidões. Quando Helen (Katie Holmes), uma jornalista curiosa e sua fã de carteirinha, chega em sua vida, os dois desenvolvem uma relação que, aos poucos, transcende todos os medos e inseguranças do pianista e o inspira a voltar a ser quem era.
A trilha sonora composta basicamente por canções no piano e a fotografia que busca valorizar cenários naturais, com tons mais claros, transmite a mesma leveza com a qual a história se desenvolve, apesar de tratar de temas tão pesados e, infelizmente, comuns aos dias de hoje. Num ritmo de absoluta calmaria, a narrativa desenvolve-se entre o luto, sua vivência e a redescoberta da beleza inata à vida.
Não seria exagero dizer que o drama carrega consigo uma das atuações mais primorosas da carreira de Patrick Stewart, que consegue transmitir exatamente a essência de um homem em processo de cura. De maneira suplementar, a personagem de Holmes consegue ser o próprio respiro.
Carregando a seriedade com uma leveza fascinante, ‘’A Última Nota’’ é um grande filme sobre a vida, amadurecimento, perda e superação.
Puro – Sangue (Netflix)
Após a estréia de ‘’O Gambito da Rainha’’, Anya Taylor-Joy vem ganhando cada vez mais visibilidade por seu trabalho fascinante como atriz. Concomitantemente, a jovem Olivia Cooke têm construído um nome forte, especialmente após sua atuação como Lou, em ‘’O Som do Silêncio’’. Juntar as duas atrizes como uma dupla dinâmica não poderia dar em nada menor que um trabalho sensacional.
Em ‘’Puro – Sangue’’, a jovem Lily (Anya Taylor-Joy) é uma garota rica e mimada, de uma personalidade assustadoramente passivo-agressiva. Já Amanda (Olivia Cooke) sofre de um transtorno de despersonalização fortíssimo, que faz com que ela, literalmente, não tenha sentimentos. Em meio a idas e vindas dessa amizade tóxica, as duas decidem bolar um plano juntas para assassinar o padrasto de Lily.
Um dos pontos mais fortes da história, é certamente a maestria com a qual as personas foram construídas, de maneira tão realista que pareciam mesmo se tratar de pessoas de verdade. As nuances psicológicas que envolvem cada personagem da teia são muito diversificadas e tornam toda a história ainda mais crível.
Com um desfecho impressionante, personagens cativantes e um suspense psicológico envolvente. ‘’Puro-Sangue’’ é de uma vilania deliciosa.