Após oito anos, o Desfile Oficial das Escolas de Samba do Estado do Amapá voltou para a Ivaldo Veras, num esforço conjunto do Governo do Estado, da Prefeitura de Macapá e a participação destacada do Senador Davi Alcolumbre, que garantiu investimento federal, num conglomerado de interesse cultural tripartite. Foi também o primeiro desfile pós-pandemia. As dez agremiações carnavalescas do Estado do Amapá retornaram ao palco principal com um recomeço cauteloso. Houve um expressivo investimento público, disponibilizado com antecedência. As dificuldades do retorno ao evento, exigiu muito das agremiações carnavalescas. No recesso interno das escolas de samba previa-se a dificuldade de realinhar os projetos de carnaval para o grande palco, mas, no final, o saldo foi positivo. Observemos.
No último estudo do SEBRAE/AP (2007) e da Secretária de Estado do Turismo (2015), a cadeia produtiva do carnaval movimentava 17,4 milhões, com investimento público na ordem de 3 milhões de reais. Criava-se aproximadamente 10.500 postos de trabalho, sendo 2.500 postos de trabalhos diretos. Segundo a secretária de Turismo da época Syntia Lamarão, “os resultados da pesquisa servem de dados para orientar as políticas públicas direcionadas ao evento, bem como facilitar a tomada de decisões dos órgãos governamentais e empresários do setor, dentro das metas e objetivos do plano estratégico de desenvolvimento turístico do Amapá”. Esses dados continuam vivos e o Governo do Estado e o Município de Macapá voltaram a se realinhar, louve-se, com os dados da pesquisa.
No aspecto de qualidade do evento, o retorno impôs algumas limitações às agremiações carnavalescas que tiveram que fazer um espetáculo cauteloso, inclusive com restrições regulamentares. Isso não retirou a beleza de suas apresentações, mas uma redução de volume, É compreensível que se faça algumas críticas ao espetáculo apresentado se for levar em consideração os anos anteriores, todavia isso não retira a magia do evento que passou na avenida. Quem tem sensibilidade artística sabe que o retorno de um trabalho de grande porte pode trazer alguns inconvenientes, todos toleráveis diante das circunstâncias.
Todavia, o mais importante é que a magia do desfile oficial das escolas de samba voltou para o seu grande palco. A Ivaldo Veras é um teatro a céu aberto pronto para abrigar esse grandioso trabalho coletivo de arte pura. Como diz Milton Cunha no seu maravilhoso livro “Carnaval é Cultura”, enfatizando a poética e técnica no fazer escola de samba (SENAC-2015), “entender os vários discursos que constroem a linguagem narrativa da escola de samba é uma empreitada extremamente árdua, pois, durante um período aproximado de dez meses, muitas formas de expressão artísticas e administrativas são somadas”. Essa procissão viva é sedutora e mágica, como é, aliás, toda expressão da criatividade humana. Então, viva a magia do carnaval e salve as escolas de samba!
A volta da magia dos desfiles das escolas de samba na Ivaldo Veras
