A Polícia Militar e a Polícia Civil do Estado do Amapá não fizeram qualquer comentário a respeito do relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Responsáveis, respectivamente, pelo policiamento ostensivo ou preventivo e de polícia judiciária, seria intuitivo imaginar qualquer comentário a respeito e quais as políticas públicas e ações que poderiam ser adotadas para enfrentar essa dura realidade. A grande verdade é que, há muito tempo, não se observa na área de segurança pública do Estado do Amapá um debate estratégico para combater a violência. Quando muito são implementadas ações pontuais que representam mais a atuação individual dos gestores das polícias preventiva e judiciária do que, propriamente, uma política pública de estado. No entanto, agora o quadro é outro e grave. Somos o estado mais violento do país.
A situação crítica da violência no nosso espaço territorial reclama a instalação imediata de um gabinete de crise. Não adianta colocar na mão do BOPE ou assemelhados a solução do problema que, aliás, se transformou numa instância de eliminação da violência pela letalidade da sua atuação, fato que aumenta os indicadores de violência e traz para o debate a atuação da própria unidade policial para se verificar se, a pretexto de combater o crime, não se está a ofender princípios de direitos humanos. O trabalho para enfrentamento desse grave indicador de violência no Estado do Amapá é duro e exige investimento. O Conselho Superior da Polícia Civil e a instância máxima do oficialato da Polícia Militar não podem ficar inertes diante desse quadro desolador.
A realidade é que o quadro de recursos humanos e materiais de segurança pública do estado não está à altura para responder a esse grande desafio. Os recursos humanos estão muito aquém do mínimo exigido para atender o número de habitantes, embora se reconheça o esforço para melhorar com os concursos públicos. Os recursos materiais, de igual forma, revelam um desalinho com as necessidades do campo. Todavia, algo emergencial tem que ser feito. O estado não pode ficar nos argumentos da falta de recursos enquanto o cidadão fica exposto com a própria vida diante da violência em índice de crescimento exponencial. A atuação dos órgãos de segurança exige ações emergenciais e estratégicas para combater esse mal que põe em risco o maior bem jurídico protegido pelo estado que é a vida. A proteção da vida não pode ser um discurso, mas, sim, uma prática com ações eficazes.