A Praticagem da Bacia Amazônica Oriental adquiriu um catamarã para realizar a sondagem permanente das profundidades na barra norte e ao longo do Rio Amazonas. A embarcação foi lançada ao mar e virá de Santa Catarina para operar na Amazônia. A praticagem informou à Portos e Navios que os investimentos, incluindo aquisição e adaptações, são da ordem de US$ 1,5 milhão. A categoria entende que a aquisição contribui com o ganho de calado dos navios que transportam mercadorias na Bacia do Amazonas, já que a passagem requer navegação de extrema precisão dos práticos para a embarcação não tocar o fundo e encalhar.
O catamarã foi construído pela Giramar Apoio de Serviços Marítimos, localizada em Araquari (SC). De acordo com a praticagem, a embarcação comprada está sendo adaptada para o trabalho com pesos na popa (boia e poitas) além de outras adaptações para tripulação e equipamentos hidrográficos.
Com 23 milhas náuticas, a barra norte é um trecho raso e lamoso localizado na entrada do Amazonas, o que delimita o quanto os navios podem aumentar o seu volume submerso (calado). Os práticos ressaltam que, como as águas são agitadas, a escolha de um catamarã para fazer o trabalho regular de sondagem se deu por ser uma embarcação mais estável.
A avaliação da praticagem é que dispor de uma atualização fidedigna das profundidades e dos intervalos de maré é condição para atravessar o trecho com navios mais carregados em segurança.
A praticagem já conta com uma boia de coleta de informações meteorológicas e oceanográficas fundeada na barra norte. O equipamento integra o sistema de calado dinâmico, que transmite, via satélite, dados coletados de profundidade; direção e velocidade da corrente; direção e velocidade do vento; e amplitude e período das ondas.
Com essas informações, é possível atualizar as previsões divulgadas nas tábuas de maré, sem as quais é arriscado cruzar o trecho. Os dados são compartilhados com a Marinha do Brasil, responsável pela segurança da navegação, por meio de um protocolo de intenções assinado com o Comando do 4º Distrito Naval.
Passagem com 11,85m
No último domingo (2), o navio graneleiro Penélope I atravessou a barra norte com 11,85m de calado. O recorde foi atingido dentro da bateria de testes em andamento estabelecida pela Marinha, restando mais quatro passagens com 11,85m e outras cinco com 11,90m. A embarcação desatracou em Santarém (PA) carregando 60 mil toneladas de soja para Singapura, com 11,90 metros de calado.
De acordo com a praticagem, a diferença de cinco centímetros até o arco lamoso se dá pelo consumo de combustível e pela densidade da água. Os práticos Maurício Rutowitcz e Alvim Spinola conduziram o graneleiro até Macapá (AP), onde o primeiro foi substituído pelo prático Jorge Camillo para a continuidade da viagem, de acordo com a escala profissional. A menor folga de água abaixo da quilha do navio foi de 0,90m. Todos os registros foram acompanhados pelo representante da autoridade marítima a bordo.“O sucesso de mais uma empreitada agrega competitividade para o escoamento de carga pelo chamado Arco Norte, na medida em que é cada vez mais reduzido o volume ocioso dos navios, conhecido como frete morto”, comentou o presidente da Cooperativa de Apoio e Logística aos Práticos da Zona de Praticagem 1 (Unipilot), prático Adonis dos Santos.
A praticagem destacou que vem aprofundando os estudos na área desde 2017, quando instalou um marégrafo no Canal Grande do Curuá, também visto como grande desafio para a navegação. De acordo com a categoria, a sondagem das profundidades do rio é complementar à análise das marés e essencial em razão de bancos de areia que se movimentam constantemente sob as águas, alterando os canais de navegação. No início do projeto, o calado máximo permitido era de 11,50 metros. Se autorizados os 11,90 metros em teste, o ganho de carga por navio da classe Panamax será de cerca de US$ 1,5 milhão.
Fonte: Portos e Navios