A responsabilidade pelo controle de natalidade muitas vezes está associada à mulher, já que a maioria dos métodos contraceptivos depende do que elas decidem. Por exemplo: tomar pílulas anticoncepcionais, a utilização de DIU (dispositivo intrauterino) ou as injeções contraceptivas.
Uma das possíveis causas para essa situação é que ainda não foi encontrado um método masculino que seja tão eficaz e reversível quantos os produtos femininos. Mas a expectativa é que em 2023 essa história comece a mudar.
“Para ser um bom anticoncepcional é importante que ele seja eficaz, ou seja, não pode gerar gravidez, e deve ter um certo grau de reversibilidade, ou seja, quando o paciente para o método, ele volta ao potencial fértil que tinha anteriormente”, explica ao R7 o urologista e especialista em reprodução humana, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Matheus Gröner.
No mês passado, o Instituto Indiano de Tecnologia divulgou que os estudos para uma injeção contraceptiva masculina estão avançados e, em até 12 meses, o RISUG (inibição reversível do esperma sob controle, na sigla em inglês) deve estar disponível para os consumidores.
A liberação, todavia, vai depender de órgãos reguladores de cada país, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil.
No mês passado, o Instituto Indiano de Tecnologia divulgou que os estudos para uma injeção contraceptiva masculina estão avançados e, em até 12 meses, o RISUG (inibição reversível do esperma sob controle, na sigla em inglês) deve estar disponível para os consumidores.
A liberação, todavia, vai depender de órgãos reguladores de cada país, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), no Brasil.
Eles utilizaram injeções de dimetilsulfóxido ou bicarbonato de sódio, que funcionam como uma espécie de solvente, “sem afetar a integridade celular” na região da aplicação, descreve um artigo publicado em fevereiro de 2020 no periódico científico Basic and Clinical Andrology.
Os resultados dos testes de reversão do procedimento em humanos ainda precisam ser divulgados, algo que deve ocorrer no prazo estipulado pelo desenvolvedor, e consagrar ou não o RISUG como um método contraceptivo para homens.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos, em 2019, com 1.500 homens de 18 a 44 anos, mostra que 85% dos entrevistados queriam evitar a gravidez de suas parceiras e 60% deles assumiriam a responsabilidade pelo controle de natalidade.
O interesse de que seja criada uma forma mais segura para os homens é grande. Atualmente, além do RISUG, existem outros produtos e métodos em estudos.
Pesquisadores norte-americanos trabalham no desenvolvimento um produto chamado Vasalgel, que é semelhante ao indiano e também com fácil reversão.
Além dos métodos de barreira já citados, outra forma contraceptiva masculina é o uso de hormônios que aumentam a produção de testosterona.
“Da mesma forma que acontece com a mulher, o homem pode por exemplo tomar hormônio, no caso da testosterona. O uso do hormônio leva a infertilidade, porém, diferente das mulheres, a fertilidade não volta”, diz o urologista.
A taxa de homens que não conseguem ter filhos ao parar o consumo de hormônios é alta.
“Estudos apontam que quase 15% dos homens não voltam a ser férteis como antes. Eles perdem a fertilidade, e o testículo sofre com o uso da testosterona, não volta à produção que ele tinha antes”, ressalta Gröner.
Outra forma já estudada é por meio das alterações do espermatozoide, com uso de um medicamento chamado Adjudin. “Ele faz com o espermatozoide solte do testículo antes da hora. Com isso, o que vai para ejaculação é o espermatozoide muito precoce, que não está totalmente formado”, explica o médico.
Esse fármaco continua em estudo devido aos efeitos colaterais causados nos homens que testaram.
“Aconteceram muitas lesões hepáticas com o uso do remédio. Apesar de ser bem eficaz e ter reversão, tiveram os efeitos colaterais.”