quando a calmaria da noite vai anulando os estalidos ruidosos da tarde
e os tons e semitons vão se intercalando em um festival de nuances até serem engolidos pelos marrons e cinzas da noite escura sem preces.
Antes disso os murmúrios dos pássaros aos poucos foram se aplacando.
Fez-se no ar um sussurro de nostálgicas lembranças.
Nos espaços vazios nenhuma criança, nenhum sinal de ternura ou esperanças.
Lembrei-me de outrora, dos folguedos intermináveis, balanços alçados nas árvores dando impulso até aos céus, cavalgadas na pradaria imensurável sobre cabos de vassouras já descartados.
As horas desvanecem o brilho do sol gélido do inverno, mas não apagam as lembranças das vivências de uma criança, duas… Irmão amigo da infância a lançar bolas de gude nas covas milimétricas feitas no solo do pátio, espaço sem fronteiras das brincadeiras…
Onde estarás, agora, menino travesso, não, irrequieto?
Construindo palácios e cidadelas com paredes de gravetos, colhidos no chão, e atapetados com o verde musgo colhido nas pedras à beira do riacho de águas borbulhantes?
Olhávamos orgulhosos para as lindas e confortáveis edificações saídas de nossa imaginação e criadas por nossas mãos em projetos que, hoje, seriam rotulados como ecologicamente corretos e sustentáveis…
Voe! Livre e liberto, como sempre fomos, correndo pelos campos ao embalo do sopro do minuano… “E até que voltemos a nos encontrar, que Deus te sustente suavemente na palma de sua mão” (Benção Celta).