Pingos soltos caíram sobre a terra.
Arrepiou-se a relva, um tremor estremecido…
Um instante de suspense, uma fresta perdida, e a chuva recolheu-se.
Mas os humanos daquela era não amavam a chuva, não amavam a Terra, não respeitavam o vento, não diferenciavam a linha de um plano da linha de uma esfera.
Eles esperavam um Salvador enquanto matavam o Criador em extermínios de pós e guerras ungidos por egos e fantasias na defesa de impérios nascidos dos impropérios e da impropriedade em falar a palavra vida ou cantar a alegria.
A verdade lhes causava ódios e elegeram a mentira como guia e suporte para trilhas sem Norte. Sem rumo ou destino rolaram pelas ribanceiras pensando escalar os picos das montanhas alvissareiras sobre as quais lhes falaram um dia os ancestrais e as profecias.
Aqueles daquelas eras não perceberam as lágrimas da Terra pelo sofrimento de seus filhos. Lágrimas caudalosas. Lágrimas que de breves e silenciosas foram se avolumando em estrondos de encostas até engolirem cidades e subtraírem os campos.
Aqueles daquelas eras jogaram fogo nas palhas e queimaram flora e fauna. Eles não amavam a Terra. Espalhou-se pelos ares, não os rios voadores, vindos da Amazônia, que abastecem Sul e Sudeste, os oceanos e as pradarias; mas, sim, rios de nuvens de fumaça que ao povo adoece e quem respirar fenece.
Aqueles daquelas estranhas e escuras eras não amavam a Terra. Não amavam as flores, os perfumes e sorrisos. Não amavam os próximos, nem os distantes, os de viva lembrança ou os esquecidos. Não amavam suas imagens nos espelhos refletidas.
Aqueles daquelas eras eram surdos, inconscientes, não ouviram o lamento, nem depois o grito de socorro da Terra e de todos os elementos. Não tomaram ciência sequer das lágrimas de fogo , espalharam mentiras disruptivas para abafar o último grito da Terra pela vida.