Nós nunca acreditamos que o pior pode acontecer, aí vem o preconizado pela Lei de Murphy, o pior sempre acontece. No Agro a situação se agrava, homens e mulheres que o integram não estão ligados nas decisões dos três poderes e tem sofrido durante muitos anos em razão de medidas que os prejudicam e restringem suas atividades. Quem não acredita basta estudar superficialmente a história do Brasil verificando as decisões contra os produtores nos últimos 30 anos.
Os produtores rurais são aqueles homens e mulheres que labutam diariamente, sol a sol, para produzir o que usamos e comemos todos os dias sem nem imaginarmos de onde vem. O povo rural ama seu pedaço de chão, suas culturas, seus animais e suas árvores, são preservadores natos, afinal é daquele rincão, daquela terra sagrada que tira o seu sustento e da sua família.
Agora vou ser repetitivo, é preciso repetir sempre para que os poderes constituídos e o povo da cidade entendam. Vou falar de Amazônia e confesso que já estou cansado de pregar para ouvidos moucos e escrever para olhos cegos. A internacionalização da Amazônia é um anseio de alguns países, com um plano e cronograma em andamento, usando dados falaciosos para justifica-la perante o mundo. A maioria ouve todos os argumentos, sobre a ação internacionalizante, como se fossem grandes heresias, ou seja, todos os que não são contaminados pela “síndrome de São Tomé” são verdadeiros hereges.
Como disse, vou repetir o que já escrevi:
É bom lembrar que, a maior parte das mulheres e homens do Agro que vivem e produzem na região, migraram para a Amazônia diante do apelo do governo da época de “Integrar para não entregar”, pois, via a soberania ameaçada por falta de povoamento brasileiro. Os Amazônidas são verdadeiros heróis anônimos que integraram definitivamente a Amazônia ao Brasil.
Este texto é praticamente uma “Ode” ao Brasil, ao Agro e aos produtores. A Nação precisa saber quem são os produtores rurais, destacando que 90% da atividade é composta por pequenas propriedades, infelizmente vou ter que descambar para assuntos desagradáveis, é isso aí, a roseira além de rosas tem espinho e nós estamos enfrentando inimigos ricos, poderosos e influentes.
Não costumo a criticar pessoas e empresas nos artigos, todavia, as empresas que mencionarei não fizeram segredo das suas intenções revelando, na mídia especializada e na grande mídia, que irão perpetrar um ataque contra o elo principal da cadeia setorial da carne, mais especificamente contra os pecuaristas que alimentam os seus negócios e as suas sobrevivências, quando na realidade deveriam ser gratas, lutando para protege-los e os preservar.
As empresas JBS e Marfrig divulgaram, aos 4 ventos, que pretendem implantar um sistema de rastreabilidade dos animais comprados, ultrapassando os limites das suas liberdades e atingindo frontalmente a liberdade dos pecuaristas que as sustentam. Além de aumentar o custo, criando trabalho desnecessário, burocratizando e complicando a vida dos produtores.
A rastreabilidade animal no nosso país possui o mais trágico exemplo. Poucos sabem que a todo poderosa União Europeia estabelece um limite para importar carne brasileira, a chamada “cota Hilton”. Raramente conseguimos exportar esse limite estabelecido.
O motivo é muito simples, a rastreabilidade é um sistema caríssimo, que naturalmente as duas empresas podem arcar, que vai servir de exemplo para os demais diante dos compradores internacionais e que excluirá 99% dos frigoríficos e pecuaristas como acontece com a famigerada cota Hilton. Atingindo diretamente a Amazônia.
Tais empresas deveriam exigir sim a rastreabilidade territorial, que é da competência do governo Federal através de seus organismos de proteção ao meio ambiente e desfechando o processo de regularização fundiária. A rastreabilidade animal jamais poderá existir sem a rastreabilidade territorial.
A Amazônia não é o “velho oeste americano”, os pecuaristas não são bandidos, JBS e Marfrig não podem se arvorar a xerifes do setor, monitorando os produtores aos quais deveriam ser gratos por sustentarem suas atividades empresariais.
Somente existe um instrumento legal capaz de definir o que é desmatamento ilegal – o Código Florestal. As duas empresas não tem legitimidade ou conhecimentos suficientes para identifica-lo. O que farão? Usarão ONGs internacionais? Vão colocar o galinheiro sob a tutela das raposas? Desculpem a imagem.
Não adianta a alegação das empresas que estão correndo o risco de perder os compradores internacionais. A primeira obrigação delas é a proteção da sua Pátria e do Agro nacional que os fez crescer e enriquecer.
Alguns brasileiros foram contaminados e passaram a ser executores do ideário estrangeiro. O nome disso é “colaboracionismo”. “Colaboracionista” foi um termo cunhado pelos países ocupados durante a segunda grande guerra para designar seus cidadãos que colaboraram com o inimigo invasor. Tal epíteto deve passar a ser utilizado doravante para denominar qualquer cidadão brasileiro que colabore com ONGs internacionais cujo desiderato seja denegrir a imagem do Brasil e do Agro. Muito cuidado com eles.
Gil Reis
Consultor em Agronegócio