As bebidas energéticas estão cada vez mais presentes no dia a dia. Costumam ser ingeridas para enfrentar a rotina de trabalho, para melhorar a concentração ou até para dar um “gás” durante as festas. No entanto, os riscos associados a esse consumo têm preocupando especialistas. Um artigo recente da Escola Médica de Harvard chamou a atenção para os perigos da overdose de cafeína, comum nesse tipo de produto, e para os efeitos adversos à saúde, em especial no coração.
Entenda
- O artigo apresenta um panorama do consumo nos Estados Unidos. Atualmente, mais de 500 tipos de energéticos estão disponíveis no mercado norte-americano, com vendas anuais superiores a US$ 25 bilhões e previsão de ultrapassar US$ 50 bilhões até 2033.
- Outro dado alarmante destacado na publicação é o aumento de 24,2% nos casos de exposição pediátrica a energéticos em crianças e adolescentes com menos de 20 anos, segundo os Centros de Controle de Intoxicações dos EUA.
- Quando se trata dos potenciais perigos, Harvard alerta sobre as graves consequências para a saúde cardíaca.
Harvard reflete sobre o consumo de bebidas energéticas e os perigos para a saúde do coração
A análise da equipe de divisão de mídia e publicações da Escola Médica de Harvard aponta que pessoas que consomem bebidas energéticas apresentam pressão arterial elevada e atividade elétrica cardíaca anormal por horas — alterações que podem aumentar o risco de arritmias graves e potencialmente fatais.
Para entender melhor os impactos para a saúde, a coluna Claudia Meireles conversou com o cardiologista Fabrício da Silva. Segundo o especialista, os riscos atrelados ao consumo de energéticos estão ligados principalmente à presença de cafeína, taurina e guaraná — substâncias que, em excesso, sobrecarregam o organismo.
“As bebidas energéticas não são indicadas para ninguém. São compostos com alto teor calórico e concentrações elevadas de substâncias nocivas à saúde”, alerta o especialista.
Quando se trata da busca por mais energia, o médico aponta que, na maioria das vezes, a vontade de se manter em estado de alerta está relacionada a fatores que exigem outra abordagem. “Muitas pessoas recorrem a essas bebidas por conta de distúrbios do sono, noites mal dormidas ou até desorganização de rotina. O problema não é falta de energia, e sim a forma como o corpo está sendo cuidado”, acrescenta.
Efeitos colaterais
Embora os efeitos colaterais se manifestem de acordo com a sensibilidade de cada pessoa, eles não devem ser ignorados. Segundo Fabrício, é preciso estar atento aos sintomas mais comuns, como palpitações, sudorese e euforia. Em alguns casos, eles podem evoluir para arritmias complexas.
“Já acompanhei um caso de fibrilação atrial, uma arritmia grave, desencadeada pelo consumo excessivo de energético associado ao álcool”, relata o cardiologista Fabrício.
Os riscos se tornam ainda maiores em pessoas com histórico de arritmia, cardiopatias, hipertensão arterial e em idosos acima dos 65 anos. “Nesses grupos, o consumo é especialmente perigoso e deve ser evitado em qualquer circunstância”, reforça.
Embora pequenas doses de cafeína natural — como até duas xícaras de café coado por dia — possam ser bem toleradas, o especialista reforça que a verdadeira energia vem de hábitos saudáveis.
“Dormir bem, manter-se hidratado, ter uma alimentação balanceada e praticar exercícios físicos são as estratégias que realmente garantem disposição e qualidade de vida”, aconselha o médico.
Fonte: Metrópoles