Um estudo da Eli Lilly and Company publicado nesta quinta-feira (31) aponta que o Mounjaro é mais efetivo para proteger pacientes com diabetes tipo 2 de doenças cardíacas do que o Trulicity, medicamento que já tinha se notabilizado no mercado por essa função.
A cardioproteção é importante nesse caso porque as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte entre pessoas diagnosticadas com diabetes tipo 2. Ela se soma a outras capacidades cientificamente provadas do Mounjaro, como a perda de peso, a manutenção da função renal e uma menor mortalidade entre todas as causas.
No estudo chamado SURPASS-CVOT, que incluiu mais de 13 mil pessoas em 30 países diferentes, o medicamento da Eli Lilly apresentou um risco de eventos cardiovasculares adversos maiores, como o infarto e o AVC, 8% menor do que o Trulicity. No caso das mortes gerais, o número registrado pelo Mounjaro 16% menor. Ele também reduziu o risco de evento cardiovasculares adversos maiores, como o infarto e o AVC, em 28% e o risco de morte geral em 39% no comparativo com as pessoas que tomaram o placebo.
“As doenças cardiovasculares continuam sendo a principal causa de morte entre as pessoas com diabetes tipo 2 e os resultados do SURPASS-CVOT demonstram que Mounjaro® mantém o benefício cardioprotetor do Trulicity ®, agonista seletivo de GLP-1, enquanto proporciona benefícios adicionais, como maior proteção renal e redução geral do risco de morte. Estes achados fortalecem o posicionamento de Mounjaro® como um potencial tratamento de primeira linha para pessoas com diabetes tipo 2 e doença cardiometabólica”, afirma Kenneth Custer, Ph.D. e vice-presidente executivo e presidente do negócio de cardiometabolismo da Lilly.
O Mounjaro já era aprovado para o tratamento do diabetes tipo 2 desde 2023, e estudos clínicos já haviam mostrado sua eficácia para a perda de peso. Desde junho, a caneta está aprovada para o tratamento de sobrepeso na presença de pelo menos uma comorbidade e de obesidade, acompanhada de atividade física e dieta de baixa caloria.
O que é Mounjaro e como ele funciona?
O Mounjaro é um medicamento injetável à base de tirzepatida, uma molécula que atua nos receptores de dois hormônios produzidos pelo intestino e liberados após as refeições: o GIP e o GLP-1. Isso significa que o medicamento tem a capacidade de estimular a ação tanto do GLP-1, quanto do GIP, aumentando a produção de insulina pelo pâncreas para manter o controle do açúcar no sangue.
Ele já tinha sido aprovado em 2023 para o tratamento do diabetes tipo 2, e agora se torna uma opção para o tratamento do controle crônico do peso. O medicamento é considerado o principal concorrente do Ozempic, também aprovado para diabetes tipo 2, e do Wegovy, aprovado para obesidade. Ambos são da farmacêutica Novo Nordisk.
Mounjaro, Ozempic e Wegovy: quais são as diferenças?
Enquanto o Mounjaro atua nos receptores de dois hormônios, o Ozempic e o Wegovy — ambos compostos por semaglutida, mas em doses diferentes — atuam apenas nos receptores do GLP-1. A semaglutida atua na secreção da insulina pelo pâncreas, regulando a glicose no sangue e promovendo, também, a redução do apetite.
Em estudo recente, publicado em maio no The New England Journal of Medicine, mostrou que o Mounjaro pode levar a uma redução de peso maior do que o Wegovy.
Segundo o trabalho, os participantes tratados com tirzepatida — a molécula que compõe o Mounjaro — alcançaram uma redução média de peso de 20,2% em comparação a 13,7% com a semaglutida. Em média, os pacientes em uso de tirzepatida perderam 22,8 kg, enquanto os que estavam em uso de semaglutida perderam 15,0 kg. Os resultados foram obtidos após 72 semanas com base na estimativa de regime de tratamento.
Em um desfecho secundário principal do mesmo estudo, a tirzepatida alcançou resultados superiores em todas as metas de redução de peso corporal, com 64,6% dos participantes em uso de tirzepatida alcançando pelo menos 15% de perda de peso, em comparação com 40,1% daqueles tratados com semaglutida.
Fonte: CNN Brasil