Quem tem animal de estimação sabe a diferença que a presença dele pode trazer ao ambiente. Os peludos acabam se tornando membro da família e são inúmeros os benefícios que podem trazer. Mas, e quando o assunto envolve o convívio com crianças, será que os animais continuam sendo uma boa companhia?
Algumas pesquisas da Universidade de Melbourne – Austrália apontaram que as crianças que tiveram algum tipo de animal até a idade de cinco anos, posteriormente se tornaram mais resistentes a algumas doenças. Enquanto isso, aquelas que não tiveram a experiência de ter um animalzinho de estimação, estavam mais propensas a desenvolver alergia e infecções de ordem respiratória. Outro estudo comprova que problemas respiratórios começam a se desenvolver na adolescência. O fato de respirar o pó de casinhas de cachorros e até pelos de gatos, demonstraram que o organismo humano desencadeia uma proteção natural conta o vírus RSV, responsável por diversas infecções e problemas respiratórios.
Um estudo realizado pela Universidade Loyola, em Chicago, mostrou os benefícios dos animais nos hospitais. Os investigadores afirmam que acariciar um cachorro pode ajudar pacientes internados a reduzir pela metade a quantidade de analgésicos que precisam tomar. Cientistas norte-americanos já haviam revelado também que ter um animal é um ótimo aliado contra o estresse. Os donos dos bichos que participaram do estudo tinham a frequência cardíaca e a pressão arterial significativamente mais baixa se comparados com aqueles que não tinham um animal de estimação.
O mascote, sobretudo o cachorro, faz ainda com que a criança exercite sua autoridade num mundo de “adultos-juízes”, que arbitram sobre a vida dela o tempo todo. Com o animal, ela terá a oportunidade de ser o juiz, mandar e desmandar. Além disso, expõe para a criança o significado de preservação à vida e de limite à dor.
Cachorros, gatos, passarinhos, peixes, ratos e até ursos são figuras constantes no universo dos pequenos. Estão no abajur do quarto, no papel de parede. São heróis em filmes e em livros infantis. Essa relação é fomentada, criada, incentivada porque, acima de tudo, traz bem-estar. O contato com animais ativa áreas do cérebro relacionadas com as emoções. É por esse motivo a sensação de bem-estar, físico e mental. Terapeutas lançam mão da terapia com animais para tratar crianças hospitalizadas ou com deficiências mentais. É um excelente treino para a afetividade.
Conheça alguns benefícios que os animais podem trazer às crianças.
Responsabilidade – Ter um animal requer cuidados e estes cuidados, orientados pelo adulto, estimulam a autonomia e a responsabilidade. Cuidar da limpeza do bichinho e do seu habitat, cuidar da sua alimentação, medicá-lo quando necessário, também favorece o desenvolvimento do vínculo afetivo e a lidar com os mais diversos sentimentos, da frustração à alegria e até a morte. E nesta relação entre a vida e a morte que o animal de estimação tem um papel muito importante, a criança aprende a lidar com a perda, com a dor.
Relacionamento – A partir da convivência com animais, a criança aprende a se relacionar com as outras pessoas, desenvolvendo a sensibilidade, a observação, a compreensão e os sentimentos de solidariedade, generosidade, zelo, afeto, carinho e respeito.
Desenvolvimento físico – Os animaizinhos também podem ser fortes aliados no desenvolvimento físico das crianças através de brincadeiras e exercícios. Os cães, por exemplo, exigem caminhadas diárias, isso pode incitar a criança a fazer passeios e jogos ao ar livre.
Saúde – Além do afeto, os animais também podem produzir outros benefícios para a saúde. As terapias assistidas por animais são capazes de promover melhoras físicas, sociais, emocionais e cognitivas humanas. Os animais são indicados para pessoas com deficiências sensoriais (cegos e surdos), dificuldades de coordenação motora (ataxia), atrofias musculares, paralisia cerebral, autistas, portadores de Síndrome de Down, distúrbios comportamentais e outras afecções.
Qual a idade ideal para iniciar este processo?
De acordo com especialistas, a compra ou adoção de um animal de estimação vai depender do tipo de bicho escolhido. No caso do cachorro, por exemplo, crianças de 3 e 4 anos podem tê-los, uma vez que já adquiriram certa autonomia. Nesta idade, os pequenos possuem habilidades motoras, são capazes de se defender e entender algumas regrinhas do que é ou não permitido fazer. Eles sabem, por exemplo, que não podem subir no cachorro ou puxar suas orelhas.
Para ter um pássaro não há restrição de idade e os pequenos podem ajudar nos cuidados com a limpeza e a alimentação. Os gatos são indicados a partir dos 3 anos. Eles são bichos limpos, carinhosos e proporcionam tranquilidade. Os peixes também são próprios para crianças com idade a partir dos 3 anos e os roedores são recomendados para a faixa dos 4 anos. Estes últimos são dóceis, tranquilos e exigem uma manutenção barata.
Cabe aos pais avaliar se a criança está pronta para ter um animal de estimação ou não. Para tanto, eles devem estar dispostos a ajudar nas tarefas e isso requer uma dose de paciência e de tolerância. Principalmente em relação às tarefas que exigem maior compromisso com os horários, como dar comida ou remédio. Levar o animal de estimação ao veterinário também faz parte da lista de tarefas dos adultos. Já as atividades mais simples devem ser atribuídas progressivamente aos pequenos. Entre outras funções, eles podem pentear o pelo do animal de estimação ou colocar água no recipiente.
Conforme a criança amadurecer, os pais podem e devem passar outros tipos de responsabilidades. É na faixa dos 12 anos que as meninas conseguem cuidar do animal, já os meninos, só a partir dos 14 anos. “O papel dos pais é servir de guia para os filhos, ensinando e orientando o que eles podem fazer. Os pais são modelos, se tratarem o bichinho bem, a criança fará o mesmo e agirá assim com outras pessoas. Caso contrário, achará que o mau trato é normal e levará essa experiência para o mundo afora”, alerta a psicóloga.
Filhote muda o comportamento de criança
Apesar do trabalho e dos gastos com veterinário, ração, vacina, entre outros que vão surgindo, ela revela, vale a pena ter um animal de estimação, além da companhia e de momentos de alegria e diversão que ele é capaz de proporcionar.
Quando um animal de estimação não é uma boa ideia
A decisão de levar para casa um cachorro, um gato, um papagaio, um periquito ou qualquer que seja a espécie do bichinho deve ser tomada pelo amor que ele inspira. O animal de estimação nunca deve ser tratado como um brinquedo. Aquele que serve para algumas horas e depois é largado pelos cantos, nem tudo será um mar de rosas na convivência com o animal de estimação, mas os pais devem usar justamente estes momentos para a educação dos filhos.
Na maioria das vezes, a criança vai gostar de estar ao lado do animal de estimação, mas também haverá situações em que pode sentir raiva. Isso pode ocorrer no caso do bichinho não a obedecer, fazer xixi fora do lugar ou morder suas coisas. Provavelmente, a primeira reação do pequeno será bater ou gritar. “É aí que os adultos devem interceder e explicar que o animal de estimação não sabe o que está fazendo e orientar a criança de forma a aprender a lidar com ele com respeito e dedicação”, completa.