O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta semana que considera o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como o seu adversário na eleição de 2026. O mandatário abordou o assunto num tom informal e bem-humorado na última terça-feira (20/8), durante almoço com caciques políticos do Republicanos, partido do gestor paulista.
Segundo interlocutores, Lula comentou ao presidente da sigla, o deputado Marcos Pereira (SP), saber que Tarcísio deixará o governo de São Paulo para concorrer à Presidência. O petista ainda brincou com o dirigente partidário, pedindo que ele admitisse a candidatura do correligionário, que riu e afirmou não saber qual será o futuro do governador.
O momento foi bem-humorado, segundo interlocutores. Aliados lembram que Lula tem uma boa relação com Pereira. Eles foram adversários na eleição de 2022, mas chegaram rapidamente a um entendimento no início do governo, que levou à indicação do então deputado do Republicanos Silvio Costa Filho ao Ministério de Portos e Aeroportos, onde está até o momento.
Ainda de acordo com fontes que acompanharam a conversa, Lula explicou o porquê de achar que Tarcísio será candidato. O petista entende que o governador aguarda um sinal claro de apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para assumir a pré-candidatura, e afirmou que o ex-mandatário será obrigado pelas circunstâncias a apoiar seu ex-ministro da Infraestrutura.
Bolsonaro está em prisão domiciliar, e o mundo político, do PT ao PL, acredita que ele será preso de fato ainda este ano, diante da proximidade do seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Diante desse cenário, interlocutores de Lula entendem que o adversário não terá escolha a não ser apoiar o candidato mais forte, na expectativa de uma eventual anistia.
Além de Lula e Marcos Pereira, participaram outros caciques políticos do Republicanos. Também estiveram no encontro: o presidente da Câmara, Hugo Motta (PB); o líder do partido na Câmara, Gilberto Abramo (MG) e o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho. Pelo lado do Planalto, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também compareceu.
Interlocutores do presidente Lula admitem que um apoio formal do Republicanos ao petista está fora de alcance, mas trabalham para que o partido libere o apoio de lideranças regionais à reeleição do petista em 2026. O Planalto foi avisado que, num cenário com Tarcísio candidato pela legenda, tal aval ficaria impossibilitado.
Direita dividida
A direita possui uma constelação de pré-candidatos e nomes cotados a disputar a Presidência da República em 2026, muitos deles de partidos que hoje compõem a base do presidente Lula, que tentará a reeleição. Esse cenário gerou uma cena peculiar na própria terça-feira, quando caciques de cinco legendas com representação na Esplanada jantaram com governadores de direita.
Dentre os governadores presentes, destacou-se Tarcísio de Freitas. Ele é citado como o favorito do grupo para concorrer à Presidência em 2026, apesar de não assumir oficialmente a pré-candidatura.
O governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), também participou. Ao contrário de Tarcísio, ele de fato assumiu a pré-candidatura e tem tentado angariar apoio na federação para concorrer ao Planalto. Outros pré-candidatos não puderam comparecer, mas falaram aos aliados por telefone. Segundo fontes, telefonaram os governadores Ratinho Júnior (PSD-PR) e Eduardo Leite (PSD-RS).
O anfitrião foi Antônio Rueda, que preside o União Brasil. Além dele, os demais caciques de legendas com representação na Esplanada foram: Ciro Nogueira (PP), Baleia Rossi (MDB), Gilberto Kassab (PSD) e Marcos Pereira (Republicanos). A noite contou, ainda, com a presença de Valdemar Costa Neto, que comanda o PL do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Fonte: Metrópoles