Diante de sua atuação de 20 anos no combate ao Primeiro Comando da Capital (PCC) e do histórico de ameaças, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, de 58 anos, vive há mais de dez anos sob escolta feita por grupos de elite da Polícia Militar. A primeira vez que chefes da facção decretaram a morte do promotor foi em 2005.
Gakiya atua no Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) em Presidente Prudente, no interior de São Paulo, e foi o responsável pelo pedido de transferência de Marcola, líder do PCC, para um presídio federal em Brasília no final de 2018.
Com a operação realizada nesta sexta-feira (24/10), que cumpre 25 mandados de busca e apreensão em sete cidades, a polícia já desvendou cinco planos da facção para matá-lo. Em entrevista ao programa Acorda, Metrópoles, o promotor disse que cogita pedir asilo quando se aposentar. A fala veio logo depois do assassinato do ex-delegado Ruy Ferraz, morto em setembro, em Praia Grande.
“Se não houver essa garantia de proteção, principalmente após aposentadoria, pessoas como eu, por exemplo, não teriam outra opção a não ser pedir asilo político no exterior. Não seria um visto de turista, pois estaríamos correndo risco de vida dentro do meu país por organizações criminosas que o Estado não conseguiu enfrentar e propiciar minha segurança”, disse o promotor, que considera ir para a Europa ou Estados Unidos
Planos de morte
Em setembro de 2020, foi descoberto um plano do PCC de assassinar Gakiya após a polícia localizar uma carta na Penitenciária 1 de Presidente Bernardes. A ação seria retaliação à transferência de líderes da quadrilha para presídios federais.
Também houve suspeita de ordens de assassinato do promotor em 2018, quando Marcola ainda estava em Presidente Venceslau. Na ocasião, duas mulheres foram presas depois de serem flagradas saindo da Penitenciária 2 da unidade portanto cartas nas quais lideranças do PCC ordenavam a morte de duas pessoas, entre elas Gakiya.
O motivo também seria o pedido do promotor para a transferência de lideranças para presídios federais, o que acabou ocorrendo em 2019. A medida trouxe impactos para a operação dos negócios do PCC, uma vez que interfere nas rede de contatos dos chefes, afastando-os de familiares e advogados.
Operação Recon
- O Ministério Público de São Paulo (MPSP) e a Polícia Civil realizam, na manhã desta sexta-feira (24/10), uma operação contra integrantes do PCC, suspeitos de planejarem o assassinato do promotor Lincoln Gakiya e do coordenador de presídios Roberto Medina.
- São cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de Presidente Prudente (11), Álvares Machado (6), Martinópolis (2), Pirapozinho (2), Presidente Venceslau (2), Presidente Bernardes (1) e Santo Anastácio (1), todas no interior de São Paulo.
- As investigações apontaram a existência de uma célula do crime organizado estruturada de forma compartimentada e “altamente disciplinada”, encarregada de realizar levantamentos detalhados da rotina de autoridades públicas e de seus familiares, “com a clara finalidade de preparar atentados contra esses alvos previamente selecionados”, segundo o MPSP.
- Os suspeitos haviam identificado, monitorado e mapeado os hábitos diários de autoridades. “A célula operava sob rígido esquema de compartimentação, no qual cada integrante desempenhava uma função específica, sem conhecer a totalidade do plano, o que dificultava a detecção da trama”, afirma a promotoria.
- A Operação Recon, coordenada pelo MPSP e Polícia Civil, identificou os envolvidos na fase de reconhecimento e vigilância, bem como a apreensão de materiais e equipamentos que serão submetidos à perícia e, em última análise, poderão levar à descoberta dos responsáveis pela etapa de execução do atentado.
Fonte: Metrópoles




