m seu discurso no ato pela anistia aos envolvidos no 8 de Janeiro, na Avenida Paulista, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou, neste domingo (6/4), que tem esperança em uma ajuda internacional e na mudança da composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para reverter sua inelegibilidade e poder disputar a eleição presidencial em 2026.
Bolsonaro criticou decisões tomadas pelo TSE durante as eleições de 2022, dizendo ter sido ele vítima de golpe do Judiciário para favorecer o presidente Lula, e apostou em um cenário diferente no próximo ano, quando o ministro André Mendonça — nomeado por Bolsonaro para o Supremo Tribunal Federal (STF) — irá assumir a a presidência da Corte eleitoral.
“O ano que vem o TSE terá um perfil completamente de isenção e poderemos confiar nas eleições do ano que vem”, afirmou Bolsonaro.
Mais adiante em sua fala, ele disse ter “esperança também que de fora venha algo para cá”, após a eleição do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de quem é aliado.
“Hoje faltou um filho meu aqui, o 03, que fala inglês, fala espanhol, fala árabe, tem contato com pessoas importantes nos Estados Unidos”, disse o ex-presidente, em referência ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que se licenciou do cargo para viver nos Estados Unidos alegando perseguição do Judiciário brasileiro.
Os outros filhos do ex-presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), o vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL-RJ) e o vereador de Balneário Camboriú, Jair Renan (PL-SC), acompanharam o pai no evento.
Sobre uma possível ajuda internacional, o ex-presidente discorreu sobre o julgamento de Filipe Martins na Justiça americana. Ele irá prestar depoimento em um tribunal da Flórida na próxima quarta-feira (9/4).
O ex-assessor especial para assuntos internacionais de Jair Bolsonaro foi preso preventivamente por ter participado da comitiva presidencial de 30 de dezembro de 2022, que foi aos Estados Unidos, onde Bolsonaro ficou até o meados de 2023. A defesa de Martins negou a informação de que o ex-auxiliar do Planalto tenha embarcado no voo.
Martins é um dos denunciados por ter participado da trama golpista que pretendia manter Bolsonaro na Presidência após a derrota para Lula e a suposta saída do Brasil serviu de justificativa para prendê-lo, sob risco de fugir do julgamento.
Sobre a ida aos Estados Unidos, Bolsonaro afirmou que foi a decisão que o manteve vivo. Caso contrário, diz o ex-presidente, ele seria preso ou assassinado no 8 de janeiro de 2023, no que seria o “golpe perfeito” de aliados do presidente Lula, o qual foi chamado na Paulista de “vagabundo” pelo ex-presidente, que não citou o nome do atual mandatário.
“O golpe deles só não foi perfeito porque no dia 30 de dezembro de 2022, eu saí do Brasil. Algo me avisou que alguma coisa ia acontecer. Se eu tivesse no Brasil, eu seria preso na noite de 8 de janeiro, ou quem sabe assassinado por botarem esse vagabundo na Presidência”, afirmou Bolsonaro.
O ex-presidente ainda disse que o “ativismo judicial” persegue a direita em todo o mundo. Disse que o “law fare” foi usado para cassar a líder da direita francesa Marie Le Pen, tentar cassar o presidente americano Donald Trump e o “presidente da Romênia”, em referência ao candidato à Presidência Calin Georgescu, que foi tirado da disputa sob acusação de influência russa na campanha.
Em mais uma tentativa de se aproximar de agentes do exterior, Bolsonaro arranhou em inglês uma frase. Sob escusas de que não sabe falar o idioma por uma “falha na sua formação”, disse que um pipoqueiro e um sorveteiro foram presos no Brasil por tentativa de golpe de Estado, o que seria uma vergonha. O fala virou meme nas redes sociais.
Aposta na nova composição do TSE
Réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, Jair Bolsonaro criticou o processo eleitoral de 2022, elencou uma série de decisões do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante as eleições presidenciais e as classificou como a verdadeira tentativa de obstrução da ordem democrática.
“Me acusam de golpe de Estado, segundo a Polícia Federal, do Alexandre de Moraes, do [delegado] Fabio Schor, que começou em julho de 21 em uma live. Você começou a dar um golpe de Estado numa live. Quem deu um golpe em outubro de 2022? Quem tirou o Lula da cadeia?”, questionou Bolsonaro na Avenida Paulista.
O ex-presidente também questionou a sua inelegibilidade, decretada pelo TSE, por abuso de poder político ao ter feito críticas ao sistema eleitoral brasileiro em uma reunião com embaixadores. Bolsonaro também lembrou que o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil) também está inelegível. A decisão do Tribunal Regional Eleitoral goiano (TRE-GO) considerou que o atual prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (União Brasil), foi favorecido nas eleições do ano passado em encontros promovidos por Caiado na sede do governo de Goiás.
Além de Caiado, outros seis governadores participaram do ato bolsonarista: Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Minas Gerais), Jorginho Mello (Santa Catarina), Ronaldo Caiado (Goiás), Wilson Lima (Amazonas), Ratinho Júnior (Paraná) e Mauro Mendes (Mato Grosso).
“O atual sistema busca cada vez mais tirar da cédula eleitoral do ano que vem, as lideranças de direita. O Caiado está aqui inelegível, vai recuperar a legibilidade dele se Deus quiser. Eu estou inelegível porque me reuni com embaixadores. Eu não me reuni com traficantes no Morro do Alemão como Lula fez”, em referência a uma ida do então candidato petista à favela carioca durante a campanha presidencial de 2022.
A manifestação, que pediu a anistia aos condenados pelo atentado de 8 de janeiro de 2023, em Brasília, reuniu parlamentares, governadores, religiosos e personalidades bolsonaristas em palco montado na Avenida Paulista, região central de São Paulo.
O discurso de Jair Bolsonaro foi antecedido por outros políticos e organizadores da manifestação. Primeiro, foi a vice-prefeita de Dourados (MS), Gianni Nogueira, seguido pelos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG), Caroline De Toni (PL-SC), Altineu Cortês (PL-RJ), o senador Rogério Marinho (PL-RN), o prefeito paulistano, Ricardo Nunes (MDB), o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL-DF), e o pastor Silas Malafaia.
Fonte: Metrópoles