A Polícia Federal (PF), em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e a Receita Federal do Brasil (RFB), deflagrou nesta quinta-feira (17/7) a 5ª fase da Operação Overclean. O objetivo é desarticular uma organização criminosa suspeita de fraudar licitações, desviar recursos públicos provenientes de emendas parlamentares, além de praticar corrupção e lavagem de dinheiro.
As investigações se concentram no desvio de verbas destinadas ao município de Campo Formoso, na Bahia, e têm como alvos nomes de peso, como o ex-presidente da Codevasf, Marcelo Moreira (foto em destaque), e pessoas ligadas ao deputado federal Elmar Nascimento (União-BA).
Nesta fase, foram cumpridos 18 mandados de busca e apreensão em Salvador (BA), Campo Formoso (BA), Senhor do Bonfim (BA), Petrolina (PE), Mata de São João (BA) e Brasília (DF). Também foi determinado o afastamento cautelar de um servidor público e o bloqueio de R$ 85,7 milhões em contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas.
Os crimes apurados incluem organização criminosa, embaraço à investigação, corrupção ativa e passiva, peculato, fraude em licitações e lavagem de dinheiro.Play Video
Marcelo Moreira
A coluna apurou que um dos principais alvos é Marcelo Moreira, ex-presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Investigasdores da PF realizaram buscas em endereços ligados a ele em Brasília e Salvador, sendo este último de propriedade do pai de Moreira.
Durante as buscas na capital baiana, foi encontrada uma arma de fogo, o que resultou na prisão em flagrante do pai do ex-presidente.
Moreira esteve à frente da Codevasf de 28 de agosto de 2019 a 17 de junho de 2025. Ele deixou o cargo em meio a investigações da PF e denúncias de assédio. Após sua saída, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP) determinou uma quarentena de seis meses, com remuneração, antes que ele pudesse assumir um cargo de diretor de contratos na Odebrecht.
Moreira recorreu da decisão, mas sem sucesso, e deverá cumprir a quarentena até dezembro, recebendo o mesmo salário que tinha na estatal – R$ 36.951,06 em junho deste ano.
Elmar Nascimento e aliados sob investigação
O deputado federal Elmar Nascimento (União-BA) é peça central nas investigações, embora não tenha sido alvo direto de mandados nesta fase. Porém, diversos aliados e familiares estão na mira.
Entre eles, está o prefeito de Campo Formoso, Elmo Aluízio Vieira do Nascimento, irmão de Elmar, que foi alvo de buscas. Também aparecem o assessor Amaury Albuquerque Nascimento, desligado do gabinete do deputado após ser citado na operação, e o ex-vereador Francisco Nascimento, primo do parlamentar. Francisco ganhou notoriedade no ano passado ao jogar dinheiro pela janela durante uma ação da PF.
As investigações foram remetidas ao Supremo Tribunal Federal (STF) em razão do possível envolvimento de Elmar Nascimento. Até agora, a PF já mapeou mais de R$ 1,4 bilhão em contratos suspeitos.
Apesar dos indícios, todos os citados na investigação negam qualquer irregularidade na aplicação ou uso de recursos públicos.
Campo Formoso: o epicentro do esquema
O município de Campo Formoso, na Bahia, aparece como núcleo importante nos desvios nesta fase da Overclean. Segundo a PF, o grupo manipulava procedimentos licitatórios e desviava recursos provenientes de emendas parlamentares destinadas à cidade.
A prefeitura, comandada pelo irmão de Elmar Nascimento, teria pago milhões de reais a empresas investigadas.
Além de políticos e seus familiares, empresários ligados à Alpha Pavimentações também são alvos desta etapa da operação. A PF investiga um esquema de manipulação de licitações e pagamento de vantagens indevidas para garantir contratos com o município.
A Operação Overclean segue em andamento para aprofundar as investigações e rastrear o destino dos recursos desviados.
Fonte: Metrópoles