O presidente da Conafer (Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores), Carlos Roberto Ferreira Lopes, é considerado foragido pela PF (Polícia Federal) após não ser encontrado na quinta-feira (13) durante a operação Sem Desconto. Contra ele, há um mandado de prisão em aberto determinado pelo STF (Supremo Tribunal Federal).
Para a entidade, Lopes não é foragido e informou que ele está em viagem “em área de difícil acesso”, que apresentaria limitações de comunicação, e, por isso, a dificuldade de contato imediato. “Ressalta-se que sua ausência não decorreu, em nenhum momento, de tentativa de evasão, ocultação ou resistência à atuação das autoridades públicas”, diz a Conafer.
A confederação diz, também, que o presidente está em processo de retorno e se apresentará às autoridades competentes assim que tiver acesso aos autos, conforme já comunicado à assessoria jurídica da Confederação, que acompanha todos os trâmites de forma transparente e colaborativa.
“A entidade reafirma que, desde o início das investigações, sempre se colocou à disposição para fornecer informações, documentos e esclarecimentos que se façam necessários, mantendo postura institucional de respeito absoluto às normas legais e às instituições responsáveis pela condução do processo”, acrescenta a nota.
Segundo a PF (Polícia Federal), a entidade comandada por Lopes é “uma organização criminosa com divisão hierárquica e funções definidas”, composta por três núcleos principais. O núcleo de comando seria liderado pelo presidente da confederação, responsável pela orientação das fraudes e pela articulação política.
A investigação também aponta que a Conafer tinha planilhas de propinas a diretores do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e políticos com apelidos.
De acordo com a instituição, dos R$ 708,2 milhões recebidos pela Conafer do INSS, R$ 640 milhões foram desviados para empresas de fachada e contas de operadores financeiros ligados ao grupo investigado.
“Análise do fluxo financeiro, revelando que mais de 90% da receita da entidade (proveniente dos descontos indevidos) foi transferida a empresas sem estrutura física ou empregados, pertencentes a pessoas interpostas ligadas aos investigados”, cita a Polícia Federal.
A PF dividiu em núcleos “político”, “financeiro” e “de comando” o esquema de fraudes bilionárias de descontos em contracheques de aposentados e pensionistas do INSS ligados à Conafer.
“A finalidade dos pagamentos era assegurar proteção política à entidade associativa, mediante atuação para impedir fiscalizações e garantir a manutenção do convênio com o órgão previdenciário”, diz o inquérito.
Lopes é presidente da Conafer desde 2011 e chegou a ser preso por falso testemunho ao depor na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS no Congresso Nacional, mas foi liberado após pagar fiança no valor de R$ 5 mil.
Fonte: CNN

