Interlocutores afirmam que o governo Lula tentará manter o União Brasil na sua base de apoio após o líder do partido na Câmara, Pedro Lucas (MA), se recusar assumir o Ministério das Comunicações. Considerada uma “lambança” por congressistas pelo fato de o Planalto ter publicizado o convite, a negativa desta terça-feira (22/4) ilustra o racha na legenda, a maior do Centrão, e representará uma dificuldade para o presidente escolher um novo representante da sigla para comandar a pasta.
Uma ala expressiva do União Brasil deu início a uma “operação abafa” após o feriadão de Páscoa e Tiradentes, pressionando Pedro Lucas a não assumir o Ministério das Comunicações. A sigla o indicou ao cargo em meio a uma crise, logo após o governo Lula confirmar a demissão do então ministro Juscelino Filho. O ex-titular da pasta era um dos representantes da sigla na Esplanada, mas perdeu o cargo ao ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposto desvio de emendas.
Agora, a dificuldade será encontrar um novo representante na bancada do União Brasil. A expectativa da dos parlamentares é que o apoio à urgência do projeto de anistia ao 8 de Janeiro seja o primeiro ponto de corte levado em consideração pelo Planalto. O problema é que 40 dos 59 deputados assinaram o requerimento. Outro fator é encontrar um congressista de um estado onde a associação direta ao governo Lula não seja um problema no quesito eleitoral.
O União Brasil ainda não deixou claro se de fato quer indicar um novo nome, ou se caminha para o rompimento. A legenda, além do Ministério das Comunicações, comanda também o Ministério do Turismo e o Ministério do Desenvolvimento Regional, sendo este último uma indicação direta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (AP), um dos caciques do partido.
Em meio à operação para impedir Pedro Lucas de assumir o ministério, a bancada do União Brasil se reuniu a portas fechadas na tarde desta terça-feira (22/4), sem a presença do parlamentar. O líder do partido na Câmara, segundo interlocutores, se reuniu com o presidente da legenda, Antônio Rueda, e com o próprio Alcolumbre antes de declinar. Foram os dois que articularam sua indicação após a demissão de Juscelino.
Havia dois grupos contrários a Pedro Lucas assumir o ministério. O primeiro é formado, basicamente, por nomes de oposição, que defendem o rompimento do União Brasil com o governo Lula. O segundo é integrado por nomes mais ligados ao Centrão, que temem que a indicação do deputado abra uma nova corrida pela liderança da legenda. Quando o ex-líder Elmar Nascimento (BA) deixou o posto, a legenda foi tomada por disputas internas para definir um novo representante.
Agora, uma saída avaliada pelo União Brasil é a indicação de um nome técnico, mas ligado à sigla. Seria uma alternativa para manter o controle da pasta sem comprometer a unidade da bancada.
Fonte: Metrópoles